sexta-feira, 3 de abril de 2015

Querida, rompe a multidão!

Assim como aquela mulher do fluxo de sangue, rompa a multidão...
Há muito tempo atrás, existiu uma mulher dona de uma história emocionante e singular. Vejamos por que essa mulher tornou-se um exemplo de superação, de força, de perseverança e de esperança. Em primeiro lugar, ela era MULHER, não que isto seja algum problema, não seria para mim e nem para você, mas quero lhe dizer como vivia uma mulher naquela época.
Na época em que viveu o nosso Jesus, as mulheres eram tratadas severamente, não se sabe a razão para tanta hostilidade, tomamos como exemplo o referido fato: O fluxo de Sangue.
Sabemos que, todos os meses, normalmente a mulher passa pelo período menstrual, e durante esse período comum e corriqueiro, ela era obrigada a ficar sozinha e longe de parentes e amigos, de toda a sociedade. Mas, o que poderia se fazer a uma mulher que sofria de uma hemorragia a 12 anos? Será mesmo que essa norma se aplicaria em uma pessoa com tal doença? A resposta é sim. Até mesmo outros doentes como leprosos, também eram exilados e considerados impuros.
 "Quando uma mulher tiver fluxo de sangue que sai do corpo, a impureza da sua mens­truação durará sete dias, e quem nela tocar ficará impuro até a tarde."
Levítico 15:19 
"Ou, quando tocar a imundícia de um homem, seja qualquer que for a sua imundícia, com que se faça imundo, e lhe for oculto, e o souber depois, será culpado"
Levítico 5:3 
Nota-se que, a mulher seria imensamente corajosa para sair de sua condenação perpétua. Coragem essa decorrente do fato de que além de estar com o fluxo de sangue, e por isso ter que estar afastada e ainda ser considerada imunda, ainda subsistia o fato de que ela tocaria ou apenas se aproximaria de alguém a sair de seu confinamento. Então vemos aí inicialmente duas situações impeditivas/proibitivas para ela, que a poderia ter levado a morte. A) Ela estava com o fluxo de sangue, deveria se excluir da sociedade (Lv 15:19); B) Ela poderia, ao sair se aproximar de alguém, assim sendo tornaria "imundo" assim como ela quem a tocasse. (Lv 5:3)
Vemos a condição inicial da mulher do fluxo de sangue. Condição de pessoa discriminada, que inferiorizava a mulher e a subjugava. Sem nenhum conhecimento, nem argumentos. Apenas por mero preconceito.
Preconceito, sim, tomamos como exemplo da condição feminina, uma outra mulher, esta era protagonista de uma das mais belas história de Jesus: A mulher samaritana (João 4:1–42).
Jesus não estava preocupado com os ditames preconceituosos de sua época. Ele veio pregar o amor, e veio para romper com preconceitos que limitavam Deus à apenas algumas pessoas. As mulheres ficavam à margem, mas Jesus sempre com amor, acolheu as mais carentes com frases de fraternidade, carinho e sobretudo o amor.
O judeus e os samaritanos se odiavam. Jesus era judeu e encontrou uma mulher samaritana, que além de sofrer preconceito pelos judeus, sofria preconceito por sua condição de mulher, e moralmente, visto que as própria mulheres de sua comunidade a excluíam e ela mesma sentia necessidade em estar longe, era considerada pecadora.
Quando ela encontrou Jesus, estava no poço para pegar água, não era uma hora propícia a este feito, as outras mulheres preferiam naquela hora estar em suas casas, então por isso a mulher sabia que não encontraria ninguém da sociedade, pois pegar água, assim como todos os afazeres domésticos eram exclusividade da mulher, portanto nem mulheres e muito menos homens ela iria encontrar.  
Diferentemente do que planejou, ela encontrou um judeu: Jesus. Não sabia ela que este, não fazia acepção de pessoas e nem tampouco descriminava. Ele a surpreendeu, tratando-a gentilmente, oferecendo a água da fonte da vida. Ofereceu o perdão e a vida eterna.
Assim podemos entender que Jesus jamais descriminaria ninguém por qualquer que seja suas diferenças. Ao falar com a mulher samaritana, Jesus correu risco de reprovação por parte dos judeus. Mas, ele não se importou, a alma daquela mulher era extremamente mais importante.
No tocante ao fato da mulher do fluxo de sangue, vemos que a mulher também se arriscou a sofrer essa rejeição por parte de Jesus. Mas, de alguma forma, não evidenciada na bíblia, ela sentiu o amor que Jesus propagava. Ela vivia isolada, não saberia ao certo muitas coisas de sua sociedade mas avistou a multidão e sabia que àquele seria seu último gesto de esperança e fé, ou sairia curada ou condenada a morte. Ela considerou em seu coração que bastava tocar na orla das vestes de Jesus que seria curada.
A fragilidade em que esta mulher se encontrava era outro fator impeditivo, para ela mesma, pois ela padecia dessa enfermidade a muito tempo. Enfrentou todo tipo de possibilidade de curas, mas jamais seria curada, visto que a medicina naquela época era regida por ervas e outros conhecimentos ineficazes, a prática da medicina era impossibilitada pelo fato de não ser possível o estudo em cadáveres, de acordo com a lei. A mulher do fluxo de sangue estava fraca, debilitada, fisicamente e psicologicamente.
Passamos ao texto bíblico que narra a história de nossa mulher corajosa.


“E foi com ele, e seguia-o uma grande multidão, que o apertava. E certa mulher que, havia doze anos, tinha um fluxo de sangue, e que havia padecido muito com muitos médicos, e despendido tudo quanto tinha, nada lhe aproveitando isso, antes indo a pior; Ouvindo falar de Jesus, veio por detrás, entre a multidão, e tocou na sua veste. Porque dizia: - Se tão-somente tocar nas suas vestes, sararei. E logo se lhe secou a fonte do seu sangue; e sentiu no seu corpo estar já curada daquele mal. E logo Jesus, conhecendo que a virtude de si mesmo saíra, voltou-se para a multidão, e disse: Quem tocou nas minhas vestes? E disseram-lhe os seus discípulos: Vês que a multidão te aperta, e dizes: Quem me tocou? E ele olhava em redor, para ver a que isto fizera. Então a mulher, que sabia o que lhe tinha acontecido, temendo e tremendo, aproximou-se, e prostrou-se diante dele, e disse-lhe toda a verdade. E ele lhe disse: Filha, a tua fé te salvou; vai em paz, e sê curada deste teu mal”

 ( Mc 5:24 -34)
 Quero que perceba que antes mesmo de chegar a multidão que apertava Jesus, a mulher do fluxo de sangue teve que romper com muitos outros fatores, elas também faziam parte dessa multidão.
Listaremos aqui alguns dos elementos participantes dessa multidão que a separava de seu milagre.
A) A Lei que determinava a todas as mulheres que permanecessem afastadas da sociedade até o fim do período menstrual. Ela poderia não encontrar ninguém, e mesmo assim se saísse de sua condenação, já cometeria um grande erro contra a norma posta. - "Quando uma mulher tiver fluxo de sangue que sai do corpo, a impureza da sua mens­truação durará sete dias, e quem nela tocar ficará impuro até a tarde." Levítico 15:19 Ela precisaria de CORAGEM.
B) A sua fragilidade, devido a doença. Característica da própria hemorragia, deixar a pessoa debilitada. E a multidão de pessoas que cercava Jesus, era uma multidão de milhares de pessoas. Não centenas, mas milhares. Ela precisaria de FORÇA.
C) A barreira do medo. O medo da rejeição de Jesus ao saber que ela o teria tocado naquelas condições. O medo da repressão da sociedade. Mas, ela já estava morrendo, tocar em Jesus era a única e última esperança. E ela precisava de exatamente isso, de ESPERANÇA.
D) Ela mesma era uma barreira. Poderia a qualquer momento desistir e se colocar no seu lugar de subjugada. E assim anularia todos os itens anteriores e voltava a dedicar todos os seus dias a sua enfermidade e assim estava sentenciado a si mesma. Ela precisava de DETERMINAÇÃO e PERSEVERANÇA.
E) A condição que lhe foi imposta. O rótulo de "imunda" perante aquela sociedade. Ela poderia ter pensado: "Não sou digna de me aproximar dessas pessoas. Sou imunda!". O seu psicológico estava afetado e havia se tornado uma barreira contra ela. Ela precisava de ÂNIMO.
F) Se infringisse o item "A", ainda havia mais uma barreira que se relacionava com este item. Se ela tocasse em alguém, deixaria a pessoa imunda assim como ela. Então como passaria pela multidão? Sem prejudicar ninguém? Ela precisaria de FÉ.
Aquela mulher uniu CORAGEM, FORÇA, ESPERANÇA, DETERMINAÇÃO, PERSEVERANÇA, ÂNIMO e  FÉ. Rompeu a multidão de preconceitos, normas discriminadoras que destroem a condição da pessoa humana sem nenhum fim social, rompeu com seu medos, com sua dor, com sua fragilidade e com sua condição de inferiorizada. Ela passou por cima de rótulos, sabendo que aquele nome "imunda" não lhe pertencia. Ela rompeu com que ela era antes A MULHER DO FLUXO DE SANGUE, e passou a ser a mulher que tocou em Jesus.
"Quem me tocou? E ele olhava em redor, para ver a que isto fizera. Então a mulher, que sabia o que lhe tinha acontecido, temendo e tremendo, aproximou-se, e prostrou-se diante dele, e disse-lhe toda a verdade. E ele lhe disse: Filha, a tua fé te salvou; vai em paz, e sê curada deste teu mal”

  
Essa mulher não deixou seu nome na história. Ela deixou de ser conhecida como a mulher do fluxo de sangue, para ser a mulher que rompeu a multidão.
Quero deixar uma mensagem para todas as queridas mulheres do mundo. Rogo por todas vocês que tenham CORAGEM, FORÇA, ESPERANÇA, DETERMINAÇÃO, PERSEVERANÇA, ÂNIMO e  FÉ, sempre para romper com a multidão que te impede de ver a face de Jesus, que te impede de ver o seu milagre chegar. Saiba que você não está só, tem um Deus que te olha e te ver com amor e cuidado. Chame por Ele quando quiser.
Seja qual for a condição que lhe foi imposta, rompa com essas barreiras em prol de sua liberdade. Pois, não existe nada melhor do que viver e ser mulher, e sempre estar cada vez mais MULHER.
Beijos e abraços calorosos. E que a paz esteja com você! =)
Ilana D. M. Cunha Lima
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quinta-feira, 2 de abril de 2015

Qual é a pior morte? Espiritual ou Material?





Não responda tão rápido! Eu até saberia qual seria a sua resposta, porque bem sabemos o que deveríamos responder. Mas, antes que responda, vejamos alguns aspectos que demonstraram que sua resposta não seria aquilo que realmente pensas. 


A morte espiritual de fato é aquilo que nós cristãos deveríamos temer. e rapidamente defendemos e declaramos que tememos esse fato. Todavia, não sentimos verdadeiramente medo da morte espiritual. O que é um erro. Vou dizer o porquê...


Morte Material


A dor que sentimos ao perder algum ente querido tem a força de fazer com que tudo que já vivemos, o que estamos vivendo e o que poderíamos viver perder completamente o sentido, torna-se sem importância nos faz morrer lentamente, espiritualmente e materialmente. Perdemos a vontade, a razão e o prazer de existir. E nada, absolutamente nada, nos traz de volta a alegria de viver. E isso é totalmente compreendido. O sentimento é o que nos liga àquela pessoa que partiu, o amor, a amizade.
Esse tipo de morte é sem dúvida dolorosa e cruel ao nossos olhos egoístas, quando pensamos que queríamos a qualquer custo aquela pessoa ao nosso lado, ainda que sabemos o lugar gracioso e maravilhosamente divino em que ela se encontra. O amor e a saudade que sentimos, torna tudo aceitável e podemos nos tornar um pouco mais egoístas, e ignoramos o fato daquela pessoa estar tão bem sem nós, e nos aqui sentimos tanta sua falta. 

E quando estamos cara a cara com a nossa morte? Quando por um instante tão curto e tão decisivo vemos que quase íamos embora? A saudade e a tristeza de ter perdido alguém, para que o sente, quase vai embora. Para todos os outros, o que se sente naquele momento é: Foi por pouco! escapei com vida! Graças a Deus que me livrou! 

Nota-se como é importante a nossa existência aqui na terra. E tudo volta a ter valor novamente. O valor que atribuímos a nossa vida material. O medo da morte, e o medo da perda, nos mostra o

quanto amamos a nossa existência material. E o quanto nos preocupamos em nos eternizarmos, da forma errada vale salientar, pois é o mais certo que existe: Não somos eternos, materialmente.

"Pois tu és pó, e ao pó tornarás." Gênesis 3:19

“Nu deixei o ventre de minha mãe, e nu partirei da terra." Jó 1:21

"Pois o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor." Romanos 6:23

Isso não apenas algo bíblico pregado por nós cristãos. Em lugares que possuem a média de vida alta, as pessoas no máximo vivem até os cem anos. Lugares como a Costa Rica, Austrália, Japão têm uma excelente média de expectativa de vida. Porém, mesmo assim é mera expectativa, uma esperança de viver nessa terra o maior tempo que conseguir. A questão é que, se vivermos muito ou pouco mesmo assim vamos morrer. E essa é a única certeza dessa vida.

E quanto ao lugar para onde vamos? 

A bíblia nos afirma que o fim não é a morte:

"Da mesma forma, como o homem está destinado a morrer uma só vez e depois disso enfrentar o juízo." Hebreus 9:27

Daí surge a importância de nos preocuparmos para onde iremos quando partimos. Para um lugar onde não haverá mais dor, nem tristeza, nem morte? 

“Não haverá luto, nem pranto, nem dor” Apocalipse 21:4

Não importa a qual religião pertencemos, o que importa é saber que esse lugar esta destinado àquele que estar com o coração voltado a Deus, através de Jesus Cristo. Aquele que nos prometeu um bom lugar para viver eternamente.

Nisto posto, quero dizer que não estou desmerecendo o luto e a dor de ninguém, sei especialmente como é passar por isso. E ainda não me recuperei. Coloco-me na situação que descrevi agora a pouco, e compartilho com vocês minhas indagações e preocupação a respeito do tema. Desfruto do mesmo dilema em que vocês podem se encontrar. 

Findando-se a discussão sobre a morte material. Sabemos que este assunto tem muito a se discutir, porém nesse momento quero apenas citar, e já citei, apenas alguns que, a meu ver, mais pode corroborar com a nossa temática.

Morte Espiritual


Com base no que vimos sobre a morte material, podemos chegar a conclusão de que é tranquilamente perceptível a morte material. Porém, a morte espiritual é mais cruel e ainda assim, não tem tanta importância em nosso meio. Pelo fato de estarmos tão preocupados com nossas vidas terrenas.

Sendo assim, quase nunca estamos atentos ao fato de que muitas pessoas que nos rodeiam estão morrendo espiritualmente. Muitas, ainda cantam louvores, ainda frequentam cultos e templos, mas, estão morrendo espiritualmente.

Muitas vezes, nem elas mesmo sabem disso. Pode ter acontecido comigo ou com você, e não nos atentamos aos sinais que a morte estava chegando. Como já disse, se fosse a morte em sentido material saberíamos que escapamos ou que ela esteve um pouco perto demais. Porém, se tratando da morte espiritual, essa sim é mais terrível, quase não se pode notar a sua presença.

Quando alguém morre espiritualmente, poucos ou quase ninguém chora, sente dor ou sofre por ter perdido aquela alma. 

As pessoas pouco se importa, pois A MORTE ESPIRITUAL, ATINGE APENAS AO QUE MORRE. O morto está ao seu lado, você não sentirá a sua falta. Mas, espiritualmente ele já morreu.

Não falo apenas de APOSTASIA, que como todos sabem, seria o esfriamento da fé, o abandono dos princípios bíblicos e de todo o conhecimento adquirido durante o período em que mantinha firme suas crenças. Falo também de deixar morrer a esperança, a alegria, a força espiritual, a fé, e sobretudo o amor.



"Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o sino que ressoa ou como o prato que retine.





Assim, permanecem agora estes três: a fé, a esperança e o amor. O maior deles, porém, é o amor."

 1 Coríntios 13:1 e 13.


A morte espiritual é totalmente oposta ao AVIVAMENTO ESPIRITUAL. Este que, não está ligado apenas ao fato de se falar em línguas, nem apenas ao fato de profetizar. uma vez que, uma pessoa que possui todos os dons espirituais, desde falar em línguas a profetizar, essa pessoa pode estar morrendo espiritualmente e não sabe, pois como diz na primeira epístola de coríntios capítulo 13, se não houver amor em nada se aproveita, e a falta de amor é sinal de morte espiritual. 

A palavra avivamento, que possui o sufixo 'a' indica que a palavra é derivada de outra, e tal sufixo dá a nós o significado de avivamento, que seria tornar mais vivo o que já se encontra vivo, ou seja avivar. Pode parecer desnecessária toda essa explicação. Ela se faz importante para nos trazer o verdadeiro significado do que seria avivamento espiritual.

O verdadeiro avivamento abrange muitas áreas da vida de um cristão. é exatamente a forma de viver, e estar ligada ao retorno aos ensinamentos de Jesus Cristo. É o evangelizar, e viver o verdadeiro evangelho.

Uma pessoa avivada tem ama, como Jesus ensinou. Ela poderá perceber alguém que está morrendo espiritualmente. Daí a importância de nos avivarmos, mas isso é assunto para um outro momento.

A bíblia nos garante a promessa que Jesus nos fez, a de estarmos com ele no paraíso, em outro momento, quando ele nos chamar. A promessa não foi dada apenas àquele homem, mas a todos que seguirem a Jesus. 


“Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso” Lucas 23:43



Ele nos garantiu que voltaria, ele foi até o Pai, mas ele voltará. Não sabemos que dia é esse "hoje mesmo" para nós, nem no texto literal da bíblia nem quando aplicamos a palavra a nós. Mas sabemos do que Jesus nos disse:

"
Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim.
Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar.
E quando eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também.
Mesmo vós sabeis para onde vou, e conheceis o caminho.
Disse-lhe Tomé: Senhor, nós não sabemos para onde vais; e como podemos saber o caminho?
Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim.
Se vós me conhecêsseis a mim, também conheceríeis a meu Pai; e já desde agora o conheceis, e o tendes visto.
Disse-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai, o que nos basta.
Disse-lhe Jesus: Estou há tanto tempo convosco, e não me tendes conhecido, Filipe? Quem me vê a mim vê o Pai; e como dizes tu: Mostra-nos o Pai?
Não crês tu que eu estou no Pai, e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo não as digo de mim mesmo, mas o Pai, que está em mim, é quem faz as obras.
Crede-me que estou no Pai, e o Pai em mim; crede-me, ao menos, por causa das mesmas obras.
Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço, e as fará maiores do que estas, porque eu vou para meu Pai.
E tudo quanto pedirdes em meu nome eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho.
Se pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei.
Se me amais, guardai os meus mandamentos.
E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre;
O Espírito de verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco, e estará em vós.
Não vos deixarei órfãos; voltarei para vós.
Ainda um pouco, e o mundo não me verá mais, mas vós me vereis; porque eu vivo, e vós vivereis.
Naquele dia conhecereis que estou em meu Pai, e vós em mim, e eu em vós.
Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me manifestarei a ele.
Disse-lhe Judas (não o Iscariotes): Senhor, de onde vem que te hás de manifestar a nós, e não ao mundo?
Jesus respondeu, e disse-lhe: Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele, e faremos nele morada.
Quem não me ama não guarda as minhas palavras; ora, a palavra que ouvistes não é minha, mas do Pai que me enviou.
Tenho-vos dito isto, estando convosco.
Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito.
Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize. "

João 14:1-27

Ele, ainda nos disse algo mais, que mesmo que estejamos mortos tanto espiritualmente, pois podemos passar isso diversas vezes e clamar por ele e ele nos ajudará a RESSUSCITAR. Como também quando estivermos mortos materialmente, pois nada interfere nos planos de Deus, Ele tem todo poder e o controle da vida.

"Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá;

E todo aquele que vive, e crê em mim, nunca morrerá. Crês tu isto?" João 11:25-26

Ainda que estejamos mortos, Deus tem a solução. Contudo preocupe-se com sua vida espiritual, com avida espiritual de sua família. Cuide da criação e educação de seus filhos e de quem estiver próximo a você, estejais atentos aos sinais de fraqueza e de morte espirituais. 

Os pais não são garantidores apenas da segurança e alimentação dos filhos, mas devem estar atentos a vida espiritual deles. Os pais não devem só cuidar de suas vidas espirituais e nem somente das dos outros, se trabalharem para Deus, como pastores, mas devem cuidar em primeiro lugar da vida espiritual de seus filhos.

Por isso, fique atento a qualquer sinal de fraqueza espiritual. Clame por fora a Deus, peça para que Ele venha lhe ressuscitar, como no vale de ossos secos da visão de Ezequiel. 

Acredito que no inicio, quando perguntei qual era a pior morte, você deve ter respondido: A MORTE ESPIRITUAL. Sem pensar duas vezes. Na verdade, temos mais a morte material, do que a espiritual, diante das evidências que expus. O nosso coração pensa uma coisa e falamos outra, falamos o que achamos ser o correto mas tememos a morte, e a ausência de quem amamos, e negligenciamos nossa vida espiritual. Responsa corretamente, mas viva isso! Vamos viver isso!


Devemos viver o que consta no Salmo 23, e se deleitar no Senhor e Ele o mais Ele fará como consta em Salmo 37.


"Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo..." Salmos 23:4


"Deleita-te também no Senhor, e te concederá os desejos do teu coração." Salmos 37:4


Finalizamos concluído que Deus nos adverte quando o perigo da morte espiritual, e para encerrar, citarei um trecho de Deus às sete igrejas da Ásia.

"E ao anjo da igreja que está em Sardes escreve: Isto diz o que tem os sete espíritos de Deus, e as sete estrelas: Conheço as tuas obras, que tens nome de que vives, e estás morto.Sê vigilante, e confirma os restantes, que estavam para morrer; porque não achei as tuas obras perfeitas diante de Deus.
Lembra-te, pois, do que tens recebido e ouvido, e guarda-o, e arrepende-te. E, se não vigiares, virei sobre ti como um ladrão, e não saberás a que hora sobre ti virei.
Mas também tens em Sardes algumas poucas pessoas que não contaminaram suas vestes, e comigo andarão de branco; porquanto são dignas disso.
O que vencer será vestido de vestes brancas, e de maneira nenhuma riscarei o seu nome do livro da vida; e confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos.
Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas."

Apocalipse 3:1-6


Ilana D. M. Cunha Lima
Escritora


sábado, 31 de janeiro de 2015

Te agradeço, Senhor, por me conhecer tão perfeitamente!

Houve um momento em minha vida, em que meu coração queria chegar desesperadamente em um determinado lugar. Mas, por mais que eu me esforçasse e lutasse por essa paixão, nada acontecia. Relutei durante anos em esquecer, mas por algum motivo, parecia que eu não tinha o domínio da situação. Situações que se resolveriam tão facilmente, não saíam do lugar por minha vontade. Até que HOJE, no dia 31 de janeiro percebi porque nada daquilo pôde ser diferente.
Depois de algum tempo agente entende...
Deus não permitiu tal acontecimento. Por amor a mim? Aos meus filhinhos? Talvez.. Mas certamente, porque Ele é fiel a sua palavra, e não a nós... Porque Deus conhece o nosso trajeto e o nosso futuro, ele ver além. Ele sonda os corações e conhece os nossos pensamentos.
Deus não está limitado a visão e imaginação humana.
Seus projetos são muito maiores e insondáveis. E Nós, não sabemos nem como será o nosso amanhã. Mas Ele, jamais deixará que os Seus planos pereçam.
Quando Deus escolhe alguém para Seus projetos. O caminhar deste será guiado por Deus.
Em algum momento da minha vida, isso que eu queria para mim não me faria bem, aliás, estou sendo sutil, isso me faria mal mesmo.
Então. Decidi que hoje darei um passo a mais. E a confiança em Deus aumentando, certa de que Deus só permitirá acontecer o melhor para mim. E o melhor para mim é a vontade dEle.

Para somar às minhas palavras...

"SENHOR, tu me sondaste, e me conheces.
Tu sabes o meu assentar e o meu levantar; de longe entendes o meu pensamento.
Cercas o meu andar, e o meu deitar; e conheces todos os meus caminhos.
Não havendo ainda palavra alguma na minha língua, eis que logo, ó Senhor, tudo conheces.
Tu me cercaste por detrás e por diante, e puseste sobre mim a tua mão.
Tal ciência é para mim maravilhosíssima; tão alta que não a posso atingir.
Para onde me irei do teu espírito, ou para onde fugirei da tua face?
Se subir ao céu, lá tu estás; se fizer no inferno a minha cama, eis que tu ali estás também.
Se tomar as asas da alva, se habitar nas extremidades do mar,
Até ali a tua mão me guiará e a tua destra me susterá.
Se disser: Decerto que as trevas me encobrirão; então a noite será luz à roda de mim.
Nem ainda as trevas me encobrem de ti; mas a noite resplandece como o dia; as trevas e a luz são para ti a mesma coisa;
Pois possuíste os meus rins; cobriste-me no ventre de minha mãe.
Eu te louvarei, porque de um modo assombroso, e tão maravilhoso fui feito; maravilhosas são as tuas obras, e a minha alma o sabe muito bem.
Os meus ossos não te foram encobertos, quando no oculto fui feito, e entretecido nas profundezas da terra.
Os teus olhos viram o meu corpo ainda informe; e no teu livro todas estas coisas foram escritas; as quais em continuação foram formadas, quando nem ainda uma delas havia.
E quão preciosos me são, ó Deus, os teus pensamentos! Quão grandes são as somas deles!"

Salmos 139:1-17

Tudo que Ele planejou para você acontecerá!

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Resenha do Livro "O Poço da Tragédia"

Resenha do livro do meu amigo escritor Erlon Andrade

 
 
Eu não costumo escrever resenhas aqui no blog, porém é um caso excepcional, pois esse livro nos traz inúmeras lições. Lições essas tão importantes para pessoas de qualquer que sejam as sua religiões e crenças. E por se tratar de um livro com embasamento no Evangelho Cristão. Merece um espaço aqui no blog!!
 
 
 
Você precisa respirar bem fundo após a leitura de "O Poço da Tragédia". Um livro emocionante ao extremo. Um livro que proporciona ao leitor inúmeros sentimentos. Chorei muito e sorri também, porque sou emotiva e também porque o livro chega a ser divertido em algumas cenas. Mas ele cumpre o seu papel, nos traz uma série de lições de vida. Um bom leitor saberá colher cada lição oferecida ao longo da leitura de "O Poço da Tragédia". Lições de perdão, de fé, de amor... Sobretudo de superação.
Nos deixa perplexos, e indignados com algumas situações. Me fez pensar como era demasiada a violência doméstica e conjugal na época que se passa a maior parte do livro. Era algo "normal" para eles. Nos faz repensar sobre o tema, e analisarmos que nossa sociedade avançou muito realmente, se nos depararmos com leituras de histórias de violências em décadas passadas.
Esperei ansiosamente pelo desfecho da história de Aída (a minha personagem favorita). Me comovi muito com sua situação inicial. Com todos os personagens. Contudo, pude ver o agir do Deus criador, na vida de cada um deles. Deus tem seus propósitos e ele o faz. O que me tranquilizou após ler tantas histórias trágicas e comoventes, foi ver ao final os propósitos de Deus sendo cumpridos.
Mesmo com tantas recordações de infâncias roubadas. Chegamos a conclusão de que os personagens merecem o título, no mínimo, de guerreiros, se não de heróis. Pelo fato de terem lutado pelo direito, que já era deles, de existir, de viver, de serem crianças... E isso nos corrói por dentro. Porém, como tudo que está no controle de Deus, a história surpreende até no final.
O ser humano, vive uma luta constante nessa trajetória de viver a vida. Idas e vindas, caindo e levantando, enfim, se superando... Não foi diferente na vida dos personagens. Eles se superaram, conheceram a verdade e entenderam o real significado de tudo em suas vidas. E ansiosamente esperando para o vê-los triunfarem. Eles realmente superam todas as dificuldades, vencem a limitação que a vida lhes impôs ainda crianças, pois deve ter sido imensamente difícil para aquelas crianças sobreviverem em meio a tantos maus tratos. Em uma vida tão sofrida.
Mas, realmente, eles venceram!

Ilana
 
 
 
 
 
 
 
 

domingo, 11 de janeiro de 2015

Estudos sobre "O Padrão da Lei Moral de Deus"

Reunião de estudos referentes ao tema estudado na lição do dia 11 de janeiro de 2015  

Segue na sequência de cada estudo, as fontes de onde foram encontrados e as devidas referencias


Desde o princípio do mundo todos sabem que é imoral matar, adulterar, furtar, dizer falso testemunho, desonrar pai e mãe, pois Deus colocou a sua lei no coração e na mente de todos os seres humanos desde o início (Rm 1.19,20). Eram princípios éticos, e não um código de lei. As dez proposições agora foram colocadas em forma de lei, como código, e entregues a Israel por intermédio de Moisés [Comentário: Deus escolheu duas formas para Se revelar ao homem: a revelação geral e a revelação especial. As verdades gerais que podemos aprender sobre Deus através da natureza, pela observação dela e pela razão, é o que chamamos de revelação geral. A revelação especial se refere às verdades mais específicas que podemos aprender sobre Deus através de sua Palavra revelada. Salmos 19.1-4 declara: “Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos. Um dia discursa a outro dia, e uma noite revela conhecimento a outra noite. Não há linguagem, nem há palavras, e deles não se ouve nenhum som; no entanto, por toda a terra se faz ouvir a sua voz, e as suas palavras, até aos confins do mundo.” De acordo com essa passagem, a existência e o poder de Deus podem ser vistos claramente através da observação do universo. A ordem, detalhes e maravilha da criação falam da existência de um Criador poderoso e glorioso. Em Romanos 1.20, Paulo escreve: “Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis”. Paulo apresenta assim, que o poder eterno e a natureza divina de Deus “claramente se conhecem” e são “percebidos” pelo que foi criado, e não há nenhuma desculpa para negar esses fatos. Com essas Escrituras em mente, talvez uma definição de revelação geral seria: “A revelação de Deus a todas as pessoas, em todos os momentos e em todos os lugares que prova que Deus existe e que Ele é inteligente, poderoso e transcendente.” “...ele não se deixou a si mesmo sem testemunha” (Atos 14.17); “...porquanto o que de Deus se pode conhecer...” (w. 19,20). Observe o seguinte: 1. Que descobertas eles fizeram: “...porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta”, en autois - entre eles; isto é, havia alguns entre eles que tinham o conhecimento de Deus, estavam convencidos da existência de um ser supremo. As filosofias de Pitágoras, Platão e dos estóicos descobriram muito do conhecimento de Deus, como se vê pela grande quantidade de testemunhos. O que se pode conhecer, o que implica que há muito que não pode ser conhecido. O ser de Deus pode ser apreendido, mas não pode ser compreendido. Não podemos descobri-lo pela busca puramente humana (Jó 11.7-9). O entendimento finito não pode conhecer perfeitamente um ser infinito; mas, bendito seja Deus há aquilo que pode ser conhecido, o bastante para nos conduzir ao nosso fim principal, glorificá-lo e desfrutar dele; e essas coisas reveladas pertencem a nós e aos nossos filhos, enquanto coisas secretas não devem ser inquiridas (Dt 29.29).Convido você para mergulharmos mais fundo nas Escrituras!


I. AS TÁBUAS DA LEI

1. Formato. Era um jogo de duas tábuas com quatro faces. Não é possível saber qual era seu tamanho. A arca do concerto media um metro e dez centímetros de comprimento por 66 cm de largura e 66 cm de altura (Êx 25.10, NTLH). Cada uma dessas tábuas não devia passar de 75 cm x 55 cm x 55 cm, considerando que elas foram colocadas na arca juntamente com a vara de Arão, que floresceu, e um vaso com o maná (Hb 9.4). Contém 172 palavras. Um homem podia transportá-las tranquilamente. [Comentário: Conforme os textos de Êx 20;31.18; 34; Lv 7.36, Moisés recebeu as tábuas da lei duas vezes, inclusive os dez mandamentos e outras revelações que instruíam sobre o culto a YHWH. Assim foi estabelecido o Pacto Mosaico, o maior evento na história de Israel e no qual se baseou toda a história subsequente. O trecho de Êx 24.12 contém essa expressão, referindo-se às tábuas onde os dez mandamentos haviam sido inscritos. A tradição informa-nos que Moisés recebeu a lei da parte de Deus, cujos mandamentos foram escritos na pedra com o próprio dedo de Deus (Êx 31.18; 32.15,16). Estes tabletes foram postos dentro da arca da aliança. Algumas tradições rabínicas afirmam que cinco dos mandamentos foram gravados em uma das tábuas, e cinco em outra; mas há aqueles que pensam que todos os mandamentos foram registrados em cada tábua. A primeira das opiniões tornou-se mais aceitável, sendo seguida nas sinagogas, na apresentação das tábuas da lei. O site Chabad.org traz o seguinte: “Sobre as Tábuas, D'us, Ele próprio, esculpiu nas primeiras duas pedras os Dez Mandamentos (as pedras vieram de cima). Inclusive outro milagre incrível ocorreu: era possível ler as palavras por igual em ambos lados (não em sentido contrário, que seria o normal). Além disto, como eram vazadas (atravessavam a pedra) sinais que eram colocados dentro e pertenciam às próprias letras, flutuavam desafiando a lei da gravidade. As primeiras pedras foram quebradas por Moshê ao descer do Monte Sinai e avistar o povo cultuando o bezerro de ouro que haviam construído na sua ausência. Moshê retornou e subiu novamente ao Monte Sinai levando desta vez pedras terrestres. Lá permaneceu por mais 40 dias e noites e retornou com novas tábuas, desta vez esculpidas por ele com orientação Divina e sem todos os milagres da primeirahttp://www.chabad.org.br/interativo/faq/astabuas.html.]

2. A divisão das tábuas. Em nenhum lugar a Bíblia diz quantos e quais eram os mandamentos em cada uma dessas tábuas. Escritores antigos, judeus e cristãos, como o pensador judeu Fílon de Alexandria (30 a.C. - 50 d.C.), o historiador judeu Flávio Josefo (37 - 100) e um dos pais da igreja, Irineu de Lião (125-202), dentre outros, diziam haver cinco mandamentos em cada tábua. Segundo Calvino, eram quatro e seis, e não cinco e cinco. Esta nova interpretação tem encontrado eco nos tempos modernos.[Comentário: Encontramos no Dicionário Bíblico Wycliffe (CPAD) o seguinte: “Os judeus, os católicos e os luteranos combinam as proibições contra o politeísmo e a idolatria em uma só. Os judeus estabeleceram a afirmação introdutória (Êx 20.2) como o primeiro mandamento, enquanto os católicos e os luteranos dividem o mandamento contra a cobiça. As igrejas Ortodoxa e Reformada consideram Êxodo 20.2 como introdutório, a proibição contra o politeísmo como o primeiro mandamento, e a proibição da idolatria como o segundo mandamento. A segunda opinião é superior porque ela faz uma distinção entre politeísmo e idolatria. Essa visão evita artificialmente que se divida o décimo mandamento, e que se faça um mandamento de Êxodo 20.2, que não é nem um mandamento nem uma proibição”.PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 548. O Pr Esequias Soares, comentarista da revista, escreve: “Os judeus, desde Fílon de Alexandria até a atualidade, dividem os Dez Mandamentos em dois grupos de cinco, um grupo para cada tábua. Agostinho de Hipona supunha haver três mandamentos na primeira tábua e sete na segunda. Calvino e muitos da atualidade acreditam que na primeira tábua estavam gravados os quatro mandamentos relativos aos deveres do homem com Deus e, na segunda, os seis mandamentos relativos ao homem e seu próximo. Alguns interpretam que o Senhor Jesus Cristo sintetizou as tuas tábuas nos dois grandes mandamentos (Mt 22.34-40), com a ressalva do sábado, pois não há ensino no Novo Testamento para a observância do quarto mandamento. Essa questão é discutida mais adiante, no Capítulo 5”.Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 19.]

3. A rebelião. Ao fim de quarenta dias, Moisés desce do monte com as tábuas da lei (Dt 9.11). Nessa ocasião Israel havia se corrompido com o bezerro de ouro* (Êx 32.7-9). Ainda muito cedo na história, vemos como a natureza humana é inclinada ao pecado. Onde está o compromisso do povo quando declarou na cerimônia do concerto: "Tudo o que o SENHOR tem falado faremos e obedeceremos" (Êx 24.7)? [Comentário: As tábuas de pedra ou tábuas da aliança eram os “documentos” nos quais a aliança fora registrada. Este era o costume tradicional dos tratados de suserania do Oriente Próximo, o serem registrados em tábuas. Talvez o mesmo termo seja o pretendido aqui, e daí a tradução “tábuas de pedra” (5:22;Êx 31:18; cf. Êx 32:15s.; 34:1). Vários elementos desta narrativa soam de maneira estranha a ouvidos ocidentais: abstinência de água e comida por quarenta dias, a apresentação das placas de pedra a Moisés por Deus e a inscrição dos mandamentos nas placas pelo dedo de Deus. Tal linguagem é comum no Velho Testamento e comum no Oriente. É caso para debate aberto, por exemplo, se o número quarenta poderia talvez denotar algo como “por tempo considerável”, ou até mesmo “um período solene de espera e preparação” (cf. Gn 7:4; 1 Rs 19: 8; Jn 3: 4; Mt 4: 2; At 1: 3). A expressão ocorre em literatura extra-bíblica na Esteia de Moabe, linha 8. Mais uma vez, é comum no Velho Testamento atribuir eventos à atividade de Deus quando, na verdade, tais eventos tenham sido realizados por Seus agentes, embora Ele tenha recebido o crédito. Assim, a conquista de Canaã foi obra Sua, embora tenha sido empreendida por Israel. Neste capítulo, Javé aparece como aquele que expulsa os povos de Canaã (4). Nossas mentes ocidentais procuram depressa demais imprimir explicações literalistas e materialistas a tais expressões. Será que esta passagem não poderia simplesmente indicar que, durante um período de preocupação solene com uma santa missão, sob a direção de Deus, o próprio Moisés selecionara as placas e nelas escrevera? No entanto, ele podia perfeitamente dizer que Deus lhe dera as placas e que as palavras que nelas inscrevera eram a própria escrita de Deus. Não são desconhecidas em nosso linguajar moderno expressões como “o Senhor me abriu uma porta”, ou “O Senhor conseguiu um visto para mim”, etc. Tais antropomorfismos são necessários em vista de nossas limitações humanas, se desejarmos apreender, mesmo de maneira limitada, os mistérios da pessoa e da atuação de Deus. (Veja o comentário sobre 5:22). A. Thompson. Deuteronômio Introdução e Comentário. Editora Vida Nova.]

4. Deus renova o concerto. A revelação do Sinai prosseguiu após ser interrompida por causa da rebelião do bezerro de ouro. Nessa ocasião, as tábuas do concerto foram quebradas (Êx 32.15-19). Mas Deus perdoou o povo, e o concerto foi renovado (Êx 34.10,27). Deus mandou Moisés lavrar novas tábuas, nas quais escreveu novamente as mesmas palavras (Êx 34.1; Dt 10.1). Parece que isso foi resultado da intercessão de Moisés pelo povo (Êx 32.31-33). [Comentário: O Comentário Bíblico Beacon (CPAD), comenta acerca da renovação do concerto: “A Renovação do Concerto (34.10-28) a) A promessa de Deus (34.10,11). Deus renova com Moisés formalmente o concerto quebrado. Prometeu conduzir Israel fazendo maravilhas (10), que seriam maiores aos olhos do povo que qualquer coisa jamais feita. Ele as chamou coisa terrível é o que faço contigo. “O que estou a ponto de fazer com vocês inspira terror” (VBB). O Senhor expulsaria os inimigos da terra da promessa (11). As maravilhas se cumpriram mais tarde em ocorrências como a queda dos muros de Jericó (Js 6.20) e a matança dos inimigos com chuva de pedra (Js 10.11). Ainda que Moisés não tenha vivido para ver estas vitórias, a promessa de DEUS cumpriu-se para seu povo. b) O aviso contra a idolatria (34.12-16). O mal de formar alianças com os povos da Terra Prometida era uma possibilidade real. Os israelitas tinham de se guardar (12) e não fazer concerto com os moradores, porque este procedimento seria um laço para eles. Para se proteger, Israel tinha de derrubar os altares, quebrar as estátuas e cortar os bosques (13). Não deviam permitir que continuassem existindo. As estátuas (“colunas”, ARA) e os bosques (“postes-ídolos”, ARA) eram objetos de culto erigidos para a adoração de deuses e deusas da mitologia Cananéia. Estavam ligados com o culto a Baal, e foram “introduzidos em Israel pela fenícia Jezabel (1 Rs 18.19)”. “Ritos grotescamente imorais eram praticados com relação às colunas e bosques, e estas foram fonte contínua de tentação para os israelitas até o exílio.” Acerca da declaração de que Deus é zeloso (14), ver nota em 20.5. Todo concerto com os moradores da terra (15) levaria Israel a se unir com eles em festas a ídolos e casamentos entre si, resultando em apostasia e idolatria (16). Casar-se com alguém ligado a uma falsa religião é o caminho mais rápido para a desobediência. Os filhos se prostituem segundo os deuses das esposas. A idolatria, quer pagã ou da atualidade, é forma de adultério espiritual. A pessoa é infiel ao compromisso com Deus, quando o coração busca seguir os deuses deste mundo. Em nossa sociedade, é quase impossível salvar nossos filhos da exposição a essas tentações. Colocadas juntas em escolas públicas e atividades comunitárias, as crianças cristãs são sujeitas diariamente a estas seduções. Nossa única esperança é a instilação de coragem e fé que resistirão ao engodo de “ídolos” mundanos e casamentos com não-crentes. Quando ocorrem alianças erradas e outros erros em nossa família, há o recurso à graça redentora de Deus e ao poder da oração intercessora pelo Espírito Santo. c) Várias proibições (34.17-26). Muitas destas proibições são repetições de ordens anteriores. O recente pecado de Israel tornou imperativa a repetição do mandamento de não fazer deuses de fundição (17). As instruções encontradas nos versículos 18 a 20 são analisadas em 12.14-20; 13.3-13; e 23.15. O mandamento sobre o sábado (21; ver comentários em 23.12) acrescenta a necessidade de observar o dia santo na aradura e na sega. Os israelitas deviam resistir à tentação de, no dia de Deus, arar quando ameaçava chover ou de colher quando a colheita estava madura. Era fácil então, como é hoje, justificar o trabalho quando havia obrigações a cumprir. d) A finalização do concerto (34.27,28). Deus disse a Moisés: Escreve estas palavras (27) — as palavras que Deus acabara de lhe dizer (10-26). Conforme o teor destas palavras significa “com base nestas palavras” (Smith-Goodspeed; cf. NTLH). Estes acordos renovaram o concerto do Senhor com o povo. Clarke supunha que o procedimento incluía uma cópia das tábuas de pedra para Israel, visto que as originais seriam colocadas na arca.71 Em todo caso, foi Deus que escreveu os dez mandamentos nas duas tábuas (28; o pronome oculto ele [escreveu] deve ser entendido como referência a Deus; ver v. 1), e Moisés escreveu o restante do concerto. O servo do Senhor ficou no monte quarenta dias e quarenta noites, como da primeira vez, e jejuou em ambas as ocasiões (cf. 24.18; Dt 9.9).” Leo G. Cox. Comentário Bíblico Beacon. Êxodo. Editora CPAD. pag. 233-235..]

PONTO CENTRAL
Toda a Lei - os preceitos morais, cerimoniais e civis - foi cumprida pelo Senhor Jesus Cristo


CONHEÇA MAIS
*Bezerro de Ouro: A estátua de bronze
A imagem da estátua ao lado é feita de bronze e trata-se do touro sagrado de Ápis, em Mênfis. R.K. Harrison afirma que a "adoração a estes animais era associada à fertilidade, e foi proeminente nos rituais sectários dos hebreus no período que precedeu o exílio". Para saber mais, leia Tempos do Antigo Testamento, CPAD, pp.129-153.

SÍNTESE DO TÓPICO I
Os Dez Mandamentos têm caráter categórico e absoluto. Eles não contemplam o relativismo moral.


II. OS DEZ MANDAMENTO

1. Origem do termo. A expressão "dez mandamentos", em hebraico asseret hadevarim, significa literalmente "as dez palavras" e só aparece três vezes na Bíblia (Êx 34.28; Dt 4.13; 10.4). A Septuaginta traduziu por dekalogos, "decálogo", a partir de dois termos gregos: deka, "dez", e logos, "palavra". O sentido de "palavra" nesses idiomas  é amplo e indica "discurso, pronunciamento, proposição". O termo hebraico específico para "mandamento" é mitsvah, usado também em referência aos Dez Mandamentos (Êx 24.12). A Septuaginta utiliza o termo entolé, a mesma palavra usada no Novo Testamento (Mt 19.17-19). [Comentário: O termo é usado em Êxodo 34.28; Deuteronômio 4.13; 10.4, e os mandamentos estão registrados em Êxodo 20.1 -17; Deuteronômio 5.6-21. O título alternativo “decálogo” angliciza o termo da LXX, que é uma tradução literal do hebraico. Russell Norman Champlin informa o seguinte: “Palavras Envolvidas e Designações. A importância da lei, dentro do judaísmo, pode ser demonstrada pelo fato de que há cerca de novecentas referências aos mandamentos, no Antigo Testamento, mediante o uso de uma dezena de palavras diferentes. O Decálogo. O termo decálogo, que significa dez palavras, foi usada pelos pais gregos da Igreja para se referirem aos dez mandamentos do Antigo Testamento. No hebraico, esses mandamentos são chamados haddebarim asereth, «dez palavras». Ver Êxo. 34:28; Deu. 4:13 e 10:4. Outras expressões também usadas para indicar a lei são: «as duas tábuas do testemunho» (Êxo. 34:29); a «sua aliança» (Deu. 4:13), «as tábuas da aliança» (Deu. 9:9). No Novo Testamento, encontramos, principalmente, o termo grego entola~i, «mandamentos» (Mat. 19:17 ss, Rom. 13:9; I Tim. 1:9, para exemplificar). CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 4139-4140..]

2. Classificação. As autoridades religiosas de Israel sempre classificaram os Dez Mandamentos em dois grupos: teológico e ético; vertical e horizontal; relação do ser humano com Deus e com o próximo. Os primeiros mandamentos são teológicos e se resumem no primeiro e grande mandamento (Dt 6.5; Mt 22.37,38; Mc 12.30; Lc 10.27). Os da segunda tábua são éticos, e consistem em amar o próximo como a si mesmo (Lv 19.18; Mt 22.39; Mc 12.31). [Comentário: O Pr Esequias Soares, citando Carson, escreve o seguinte: “Quanto à lei, algo precisa ser dito sobre a alegada divisão em lei moral, lei cerimonial e lei civil. Desde muito tempo qualifica-se o Decálogo como lei moral, enquanto a parte da legislação mosaica que trata das cerimônias de sacrifícios e festas religiosas, entre outras, é chamada de lei cerimonial, e os preceitos de caráter jurídico são considerados lei civil. A visão tripartite da lei em preceitos morais, cerimoniais e civis não vem das Escrituras. "Embora essa distinção tripartite seja antiga, seu uso como fundamento para explicar a relação entre os testamentos não é demonstravelmente derivada do Novo Testamento e provavelmente não é anterior a Tomás de Aquino" (CARSON, 2011, p. 179)Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 25.]

3. Forma. A forma dos Dez Mandamentos é geralmente chamada de categórica ou absoluta. É uma das formas de lei que apresenta um estilo sóbrio e de estrutura rítmica, assonante, paralela e poética. Isso facilita a memorização e é apropriado para a leitura litúrgica e em grandes eventos religiosos (Dt 31.11). As proibições são sem concessão; não admitem exceção. Aqui temos oito proibições absolutas com a negação hebraica, lo, "não", forma incondicional, em tempo verbal que nas línguas ocidentais é chamado de "futuro". Os outros dois mandamentos dados a Israel são positivos: guardar o sábado e honrar pai e mãe (Êx 20.8-12; Dt 5.12-16). ). [Comentário: É habitual na erudição bíblica referir-se aos Dez Mandamentos e ao livro do concerto, que os segue, como lei no sentido de jurisprudência comum. Embora esta não seja uma noção totalmente errônea, o mais recente reconhecimento de que estas seções são nada menos do que as cláusulas de estipulação em um documento de tratado que teve o efeito saudável de localizá-los mais precisamente no ambiente histórico, literário e teológico. Estas estipulações não visavam regular o comportamento humano em geral, embora os princípios que elas incorporam sejam heurísticos e atemporais, mas acham seu lugar em um contrato cujo propósito é fornecer diretrizes legais, morais e religiosas para um povo especial escolhido para uma tarefa especial. E até para este povo os regulamentos não eram um meio pelo qual ele obtinha a salvação — que foi simbolizada pela Páscoa e pelo êxodo, mas um manual de instruções pelo qual o povo do concerto tinha de ordenar a vida nacional na missão como povo sacerdotal e mediador. As estipulações eram a torah no sentido de instruções. Tendo estabelecido a natureza da lei de Israel como estipulação do concerto, ainda é importante ressaltar que a grande seção de estipulação do tratado está dividida em duas partes, como já mencionamos. A primeira, os Dez Mandamentos, é de forma e função completamente diferente da segunda seção, o livro do concerto. Como mostraram muitos estudiosos, os mandamentos estão expressos na estrutura de lei apodíctica. Isto diz respeito à natureza geral, incondicional e elementar expressa em quase toda ocorrência por um “não farás”. O livro do concerto, por outro lado, está disposto na forma de lei casuística. Seus regulamentos tratam de casos específicos ou classes de incidentes e normalmente consistem em declarações tipo prótase-apódose, quer dizer: “Se alguém fizer isto ou aquilo, então esta é a penalidade”. Outra ressalva é que a seção de estipulação mais curta e geral é parecida com uma “constituição”, da qual a seção mais longa de estipulações se relaciona como um corpo de emendas ou, melhor, exemplos de aplicação específica. Assim, cada um dos dez mandamentos tem elaboração no resultante livro do concerto, com a consequência de que os princípios estão detalhados com referência precisa à vida prática e cotidiana. Roy B. Zuck. Teologia do Antigo Testamento. Editora CPAD. pag. 49-50.]

SÍNTESE DO TÓPICO II
A Lei é chamada de "Lei do Senhor" porque veio diretamente de Deus; e de Moisés, porque ela foi mediada pelo legislador de Israel.


III. A QUESTÃO DOS PRECEITOS DA LEI

1. Uma só lei. Há uma corrente de interpretação que ensina ser o Decálogo a lei moral, enquanto a parte da legislação mosaica que trata das cerimônias de sacrifícios e festas religiosas, entre outras, é chamada de lei cerimonial. Esse pensamento nos parece inconsistente, pois não é ensino bíblico nem os judeus jamais dividiram sua lei em moral e cerimonial. Ao longo da história, eles observaram o sábado e a circuncisão com o mesmo cuidado. Jesus disse que a circuncisão está acima do sábado (Jo 7.22,23).[Comentário: Jesus acusou os judeus de fracasso no cumprimento da Lei. Não estavam fazendo a vontade de Deus nesse sentido. Como, então, poderiam aceitar Aquele a quem Deus tinha enviado? Suas intenções homicidas para com Ele eram por si mesmas violação do sexto mandamento. A multidão, ficando ao lado dos líderes sem conhecer seus desígnios, pensava que Jesus estivesse louco, atormentado por um demônio, imaginando que Sua vida estivesse em perigo (v. 20). O Senhor tinha de atingir as raízes da animosidade dos líderes. Aquele um só feito que Ele fizera em Jerusalém e que deixara todos maravilhados, mas que colocara os líderes contra Ele, foi a cura do homem aleijado, no sábado (cap. 5). O próprio Moisés, que os judeus respeitavam tanto, ordenou a circuncisão (embora a prática se originasse com os patriarcas e não com Moisés), de modo que ela tinha de ser realizada no oitavo dia (Lv. 12:3), mesmo se caísse no sábado. Pelo motivo (v. 22) não está bastante claro quanto à relação que tem com o assunto. Possivelmente aponta a seguinte linha de pensamento - que a circuncisão no sábado era aceitável e na realidade apontava para a obra que Jesus tinha realizado, uma vez que a restauração de um homem física e espiritualmente era até mais significativo do que a administração do sinal da aliança. Charles F. Pfeiffer. Comentário Bíblico Moody. Editora Batista Regular. João. pag. 44.]

2. A lei do Senhor e a lei de Moisés. O que de fato existem são preceitos morais, cerimoniais e civis, mas a lei é uma só. É chamada de lei do Senhor porque veio de Deus, e de lei de Moisés porque foi ele o mediador entre Deus e Israel (Ne 10.29). Ambos os termos aparecem alternadamente na Bíblia (Ne 8.1,2,8,18; Lc 2.22,23). A cerimônia dos holocaustos, a circuncisão e o preceito sobre o cuidado dos bois são igualmente reconhecidos como lei de Moisés (2 Cr 23.18; 30.16; At 15.5; 1 Co 9.9). [Comentário:  Como Iegislador e Mediador da Aliança. A lei mosaica tanto foi uma legislação quanto foi uma aliança. E Moisés foi o instrumento humano para tanto. O capitulo vinte do livro de Êxodo fornece-nos a porção cêntrlca dessa legislação, mas quase todo o livro de Êxodo está envolvido em seu delineamento; e o livro de Deuteronômio repete a questão, com algumas adições, ao passo que o livro de Levítico fornece-nos as intrincadas leis acerca do sacerdócio e do culto religioso. A lei mosaica não era apenas um documento religioso de proibições. .Paralelamente a isso, era um complexo conjunto de leis civis, muitas delas com preceitos paralelos em outras legislações semíticas. Ver o artigo intitulado Hamurabi, Código de, quanto a uma ilustração a esse respeito. O código de Hamurabi foi escrito cinco séculos antes de Moisés; e os pontos de semelhança mostram que uma das fontes da legislação mosaica foi o fundo de leis desenvolvidas pelas culturas semíticas durante um longo período de tempo. Pode-se dizer que as leis civis de Moisés ocupam cerca de quarenta parágrafos em Êxodo 21-23; em Levitico 18-20, um pouco mais do que vinte parágrafos; em Deuteronômio 12-16, cerca de noventa parágrafos. O material, desse modo, mostra ser bastante completo, embora não exageradamente longo. Esses cento e cinquenta parágrafos são menos do que os 282 parágrafos do código de Hamurabi. As leis dos assírios ocupavam cerca de 115 parágrafos, embora muito mais material se tenha perdido. As leis dos heteus, até onde o demonstram as descobertas arqueológicas, ocupam cerca de 200 parágrafos. Esse pacto mosaico é contrastado com o Novo Testamento, trazido por Cristo. Caracterizava-se por uma lei, e, presumivelmente, era capaz de transmitir vida (ver Lev. 18:5). Entretanto, os eruditos hebreus têm demonstrado que, nos escritos de Moisés, essa vida era apenas terrena, e não pós-morte. Os intérpretes posteriores do judaísmo é que a interpretaram como pós-morte. Seja como for, como um contraste com a lei mosaica, a graça, a verdade e a vida eterna vieram por meio de Cristo (João 1:17). O evangelho anuncia ao mundo a graça divina (ver Rom. 3 e 4). O pacto mosaico estava contido em três divisões: a. os mandamentos (Êxo, 20); b. os juizos (Êxo, 21:1-24:11), que regulamentavam a vida social de Israel; e c. as ordenanças (Êxo. 24:13-31:18) que governavam a vida religiosa da nação. Esses três aspectos constituíam a lei. O trecho de 11 Cor. 3:7-9 caracteriza essa legislação como «ministério da morte» e «ministério da condenação», porquanto não era através da lei que a vida espiritual ê conferida ao homem. O crente do Novo Testamento não está debaixo da lei mosaica, e, sim, sob o incondicional Pacto Novo da graça divina (ver Rom. 3:21-27; 6:14,15; OU 2:16; 3:10-14; 4:21-31; Heb. 10:11-1).CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 340.]

3. A lei de Deus. A lei de Deus é todo o Pentateuco; trata-se de um livro, e não meramente das palavras escritas em tábuas de pedra (Js 24.26; Ne 8.8,18). Isso precisa ficar muito claro porque certos grupos sectários argumentam: "Você guarda a lei de Deus?". Isso por causa do sábado, e transmite a falsa ideia de que a lei de Deus se restringe aos Dez Mandamentos. Se eles guardam a lei de Deus, precisam observar os seus 613 preceitos; do contrário, estão sob a maldição (Gl 3.10). [Comentário: Josué e o povo selaram a aliança de servir a Deus quando escreveram as palavras no livro da Lei de Deus e no momento em que erigiram uma grande pedra debaixo do carvalho, a mesma árvore que Jacó encontrou quando veio a Siquém. Esta árvore ficava perto do santuário do Senhor, o qual, provavelmente, não era uma construção regular ou um templo, mas um lugar sagrado criado em Siquém ao levar o tabernáculo para lá. A referência às pessoas apresentando-se diante de Deus (v. 1) pode indicar que o tabernáculo estava lá. A pedra debaixo do carvalho funcionava como um lembrete legal ou testemunho de que a aliança fora assumida pelas pessoas. Agora, a pedra e o povo eram ambos as testemunhas. Isso reflete a função do altar construído pelas tribos que estavam assentadas a leste do Jordão, que também era um testemunho (Js 22.34). Uma grande pedra erguida, que data da época final da idade do Bronze (isto é, mais ou menos a época em que se passa essa história), foi encontrada em Siquém, e pode ser a pedra aqui mencionada. EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário Bíblico Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 399-400. Ele e outros leram do livro da lei, desde a alva até ao meio-dia (v. 3), e eles leram declarando (“claramente”, v.8 [versão RA]). A leitura das Escrituras em reuniões cristãs é uma ordenança de Deus, em que Ele é honrado, e sua Igreja, edificada. E, em ocasiões especiais, devemos estar abertos a participar por muitas horas juntos na leitura e exposição da palavra de Deus: os que são mencionados aqui se reuniram por seis horas. Que aqueles que lêem e pregam a palavra aprendam também a apresentar-se de maneira distinta, como aqueles que entendem o que dizem e são tocados por ela, e que desejam que esses a quem falam tenham condições de entendê-la, retê-la e ser tocados por ela. Laço é para o homem dizer precipitadamente (Pv. 20.25). (4) O que eles leram, isso expuseram, e disso mostraram a intenção e o significado, e a aplicação prática das palavras da lei; eles explicaram o sentido em outras palavras, faziam que, lendo, se entendesse (w. 7,8). Observe: [1] E necessário que aqueles que ouvem a palavra a entendam; caso contrário, não passam de palavras e sons vazios (Mt 24.15). [2] Portanto, exige- se que aqueles que são mestres por ofício expliquem a palavra e deem sentido a ela. Entendes tu o que lês?, e: Entendestes todas estas coisas? (veja Mt 13.51), são boas perguntas a serem colocadas para os ouvintes; mas: Como poderei entender, se alguém me não ensinar? (At 8.30,31). Ler é bom e pregar é bom, mas a exposição une a leitura e a pregação, e assim torna a leitura tanto mais inteligível e a pregação tanto mais convincente. (5) O povo comportou-se de maneira muito apropriada quando a palavra foi lida e aberta a eles. [1] Com grande reverência. Quando Esdras abriu o livro, todo o povo se pôs em pé (v. 5), mostrando dessa forma respeito tanto por Esdras quanto pela palavra que ele estava prestes a ler. Cabe aos servos ficar em pé, quando seu senhor fala com eles, em honra ao seu senhor e para mostrar a disposição em fazer o que lhes é ordenado. [2] Com grande firmeza e compostura. O povo estava no seu posto (v.7); diversos ministros estavam lendo e expondo a certa distância um do outro, e cada um do povo permaneceu no seu lugar, não se dirigia primeiro para um e então para outro, para fazer comentários sobre eles, mas permanecia no seu lugar, para que não perturbasse o outro nem fosse ele próprio perturbado. [3] Com grande atenção e disposição: os ouvidos de todo o povo estavam atentos ao livro da Lei (v. 3). Seus ouvidos estavam como acorrentados a ele; eles ouviam prontamente, e prestavam atenção em cada palavra. A palavra de Deus requer atenção e a merece. Se por causa de descuido deixamos escapar muita coisa ao ouvir, existe o perigo de que pelo esquecimento deixemos escapar tudo depois de ouvir. HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Josué a Ester. Editora CPAD. pag. 825.]

SÍNTESE DO TÓPICO III
A Lei é chamada de "Lei do Senhor" porque veio diretamente de Deus; e de Moisés, porque ela foi mediada pelo legislador de Israel.


IV. A LEI E A GRAÇA

1. A transitoriedade da lei. O Senhor Jesus cumpriu toda a lei, os preceitos morais, cerimoniais e civis (Mt 5.17,18). O apóstolo Paulo é muito claro quando fala  que “o ministério da morte, gravado com letras  em pedras [...] era transitório” (2 Co 3.7,11). No entanto, a verdade moral contida no sistema mosaico, como disse o teólogo Chafer, “foi restaurada sob a graça, mas adaptada à graça, e não à lei”. Isso diz respeito a sua função e não compromete a sua autoridade como revelação de Deus e parte das Escrituras divinamente inspiradas (2 Tm 3.16,17). [Comentário: Agora o apóstolo apresenta de um modo claro o que ele tinha apenas mencionado previamente (cf. 3, 6) - o contraste entre as dispensações (cf. RSV) da Lei e do Espírito, entre o ministério de Moisés e o de Paulo. O ministério de Moisés (7) é caracterizado pela glória (“brilho”, RSV) no rosto de Moisés. “Transitória como era” (NASB), era ainda assim tão brilhante que os filhos (huious, “filhos”) de Israel não podiam “olhar atentamente” (NASB) para ela (Êx 34.29-30). A ênfase de Paulo está na glória ou no esplendor do ministério de Moisés como uma revelação da eterna vontade de Deus. Assim, se o ministério da morte, gravado com letras em pedras (cf. Rm 7.7-8; 1 Co 15.16), veio em glória, não é óbvio (ouchi), pergunta Paulo, que “seja de maior glória (ou resplendor, RSV)” o ministério do Espírito (8), que dá a vida (3.6; cf. G1 3.5)? Então, na segunda fase do seu contraste, ele prossegue explicando que “se o ministério da condenação [Dt 27.26; G1 3.10] foi glorioso, muito mais excederá em glória o ministério da justiça” (9, NASB) [Rm 1.17; 5.17; 8.1-4; 1 Co 1.30].'“A lei”, comenta Calvino, “deve nos mostrar a doença, de modo a não nos mostrar, ao mesmo tempo, qualquer esperança de cura; o evangelho deve trazer o remédio àqueles que já não têm mais esperança”. O último supera a primeira “porque é uma coisa muito maior absolver o pecador condenado do que condená-lo”. Uma só considera a lei escrita nas pedras; o outro, considera o sangue do próprio Filho de Deus e o poder do Espírito. A justiça sobre a qual Paulo baseia a superioridade do seu ministério é “a justiça de Deus” revelada no “evangelho de Cristo” (Rm 1.16-17), que ele expõe em termos de justificação e santificação em Romanos 3.31—8.39. Este contraste entre ministérios pode até mesmo ser considerado tão radical, que o primeiro, que foi glorificado (10) como um instrumento da auto-revelação de Deus, agora, “nesta parte, não foi glorificado, por causa desta excelente glória” (NASB) - a glória do segundo, que o supera em muito (cf. Jo 1.17; Rm 10.4; G1 3.21-25). “A sua glória agora está diminuída, como o brilho dos lampiões quando chega o amanhecer” (R. A. Knox). Paulo desenvolve o seu ponto final do contraste (11) a partir do brilho do rosto de Moisés (3.7), que já desaparecia, de acordo com a tradição judaica, mesmo quando ele estava descendo do Monte Sinai. Ele viu isto como sendo um sinal da natureza transitória do antigo concerto, que Moisés representava. O contraste é com a permanência da revelação do Espírito. Porque, se o que era transitório foi para glória (dia doxes), muito mais é em glória (en doxe) o que permanece. Assim, a adequação do ministério apostólico de Paulo é a sua superioridade como um ministério do novo concerto - um ministério do Espírito - superior (1) como a vida é mais gloriosa do que a morte, (2) como a justiça é mais gloriosa do que a condenação, e (3) como aquilo que é permanente é mais glorioso do que aquilo que é transitório. Donald S. Metz. Comentário Bíblico Beacon. II Coríntios. Editora CPAD. Vol. 8. pag. 419.]

2. A graça.  O Senhor Jesus e o apóstolo Paulo citaram Levítico 18.5 como meio hipotético de salvação pela observância da lei (Mt 19.17; Gl 3.11). Mas ninguém jamais conseguiu cumprir toda a lei, exceto Jesus. O mais excelente dos rabis de Israel só conseguiu cumprir 230 pontos dos 613 preceitos da lei. A lei diz “faça e viva”, no entanto, a  graça diz “viva e faça”. Por esta razão os cristãos estão debaixo da graça, e não da lei (Rm 6.14; Gl 3.23-25). A lei não tem domínio sobre nós (Rm 7.1-4). [Comentário: Lv 18.5 Cumprindo os quais, 0 homem viverá por eles. Vivia-se, vivendo corretamente. A vida consistia na guarda da lei. Este versículo é muito empregado para mostrar que os hebreus esperavam obter a vida eterna mediante a guarda da lei. Posteriormente, os judeus interpretavam-no nesse sentido. Mas foi essa a questão central que o apóstolo Paulo combateu e repudiou, em Gál. 3.21,22. Disse ele: .. se fosse promulgada uma lei que pudesse dar vida, a justiça, na verdade seria procedente de lei. Mas a Escritura encerrou tudo sob o pecado, para que mediante a fé em Jesus Cristo fosse a promessa concedida aos que crêem”. Mas em Lev. 18.5, “vida" não é a vida eterna. Em parte alguma do Pentateuco temos a promessa de vida além-túmulo para os que vivessem retamente, nem temos ameaças de juízo, além-túmulo, para os que não vives- sem retamente. O Pentateuco não contém a doutrina da alma, embora ela seja antecipada na doutrina da imagem de Deus, em Gên. 1.26,27. Séculos mais tarde, nas mãos de Paulo, essa doutrina tornou-se muito importante, como centro da vida e natureza da alma eterna (Rom. 8.29 ss.; I João 3.2). Tal desenvolvimento teológico, contudo, não começou nos dias de Moisés. A ideia da alma começa nos Salmos e nos Profetas; mas 0 assunto da bem-aventurança ou da punição eternas, além-túmulo, ainda precisou de muito mais tempo para ser consolidado dentro da teologia dos hebreus. Simplesmente temos de admitir que a teologia judaica, nesse particular, era deficiente, sendo esse um dos pontos que a revelação cristã veio aprimorar. Não há que duvidar, sem embargo, de que, posteriormente, quando os judeus vieram a crer firmemente na existência da alma imortal e imaterial, o trecho de Lev.18.5 passou a ser empregado para mostrar que a vida etema viria através da guarda da lei. E isso armou o palco para o repúdio a tal ensino, por parte de Paulo. A vida referida em Lev. 18.5 é uma vida física abundante, abençoada por YHWH. Uma vida boa, mediante a observância dos mandamentos, mas que termina na morte. É melhor alguém viver bem do que ao contrário, e a guarda da lei fazia parte integral de uma vida boa e longa sobre a terra, sob a bênção de YHWH. “A obediência às leis de Deus produzia, em Seu povo, vidas felizes e realizadas (cf. Lev. 26.3-13; Deu. 28.1-14)” (F. Duane Lindsey, in ioc.). “As autoridades religiosas dos dias do segundo templo interpretavam essa cláusula no sentido de que quem obedecesse a essas leis teria a vida eterna. Por isso mesmo, as antigas versões caldaicas traduziam-na como “terá a vida eterna”. Essa passagem foi citada tanto pelos profetas (Eze. 20.11; Nee. 9.29) quanto pelo apóstolo Paulo (Rom. 10.5 e Gál. 3.12), 0 qual contrastou essa promessa, baseada nas obras, com a promessa do evangelho, baseada na fé” (Ellicott, in toe.). O argumento paulino, naturalmente, era que viver a lei, obedecer aos seus conceitos, é algo realmente acima da capacidade humana. Por isso mesmo, 0 homem precisa de um sistema diferente do da lei, o sistema da graça-fé. CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 545..]

3. Os mandamentos de Cristo. Perguntaram a Jesus o que se deve fazer para executar as obras de Deus. A resposta não foi guardar o sábado, nem a lei e nem os Dez Mandamentos, mas exercer fé em Jesus (Jo 6.28,29). Essa doutrina é ratificada mais adiante (1 Jo 3.23,24). Jesus falou diversas vezes sobre o novo mandamento, a lei de Cristo, o amor operado pelo Espírito Santo na vida cristã (Jo 13.34; 14.15, 21; 15.10). O Senhor Jesus não incluiu o sistema mosaico na Grande Comissão. Ele disse para “guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado” (Mt 28.20). O mandamento de Cristo é a fé nEle, é a lei do amor (Rm 13.10; Gl 5.14) e não a letra da lei. Quem ama a Cristo tem a lei do Espírito em seu coração. [Comentário: Jo 14.15 «...se me amais, guardareis os meus mandamentos...» Este versículo vincula os nossos pensamentos aos conceitos emitidos nos versículos anteriores, sobre a feitura de obras que os crentes realizassem cm nome de Jesus. Aqueles que haveriam de realizar essas obras, e essas formas dc obras seriam maiores do que aquelas que o próprio Senhor Jesus fez neste mundo, jamais seriam realidades não fora a presença do amor que é aqui mencionado e nem fora a força proporcionada pelo Espírito Santo, que aparece nos dois versículos seguintes. A atuação do *Logos* encarnado foi motivado pelo amor. tal como a ação de Deus Pai, ao enviar Cristo ao mundo. (Ver João 3:16). Aqueles que estão unidos dentro da família de Deus devem participar de um amor mútuo, amor esse que forçosamente inspira ações características da natureza de Cristo. Tholuck (in loc.) tem uma excelente observação sobre a natureza desse amor: ·Para João o amor não consiste meramente em felicidade dc sentimentos; mas é unidade de vontade com o amado (ver João 14:21; IS: 14 c I João 3:18). É o amor que torna os homens susceptíveis a comunhão com o Consolador: o mundo não pode recebê-lo». Entretanto, também expressa a verdade aquilo que Lange registrou (in loc.). ao dizer: *A amorosa contemplação da personalidade dc Cristo é o vinculo dc comunhão dos discípulos, aquilo que faz deles uma personalidade coletiva, e nessa comunhão podem tornar-se o órgão da manifestação pessoal do Espírito Santo*. Quanto ao sentido da palavra ·mandamentos·, neste ponto, poderíamos destacar as seguintes observações: 1. Não se trata de alguma referência direta aos dez mandamentos, quer segundo aparecem os mesmos nas páginas do A. T., quer segundo aparecem incorporados no N. T. 2. Não se trata de uma referência às diversas instruções que Jesus deu a seus discípulos. 3. Mas trata-se de uma alusão ao corpo e espírito inteiro daquilo que os homens aprendem mediante a sua associação com Jesus e, mais particularmente, por pertencerem à família celestial da qual ele é o irmão mais velho e na qual há o Pai celeste. Os seus mandamentos são as normas que orientam essa família. Os princípios éticos da família celeste, o que não se limita aos dez mandamentos, mas nem por isso é contrário aos mesmos. 4. Na referência em foco, neste ponto, há uma alusão especial ao novo mandamento, que é a lei do amor, que se mostra saliente entre todos os mandamentos, sumariando a eles todos dentro de poucas palavras e que haveria de ser uma característica toda especial de cada membro dessa família, bem como da família como uma comunidade local, na forma de igreja. O espírito de todas essas verdades pode ser encontrado na declaração apostólica de Paulo: «...logo. já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que agora tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim» (Gál. 2:20). Estamos fazendo progresso, em nossa obediência e aplicação da lei do amor, quando começamos a ter cuidado pelos outros segundo cuidamos de nós mesmos; quando nos parece tão importante o que acontece aos outros, como o que acontece conosco; e, acima de tudo, quando em tudo desejamos para os outros não menos do que para nós mesmos. O amor é uma profunda motivação que provoca a partilha e o mais autêntico altruísmo, e isso é abundantemente ilustrado na vida de Cristo, que viveu para os outros e morreu pelos outros. O amor é um produto da influência do Espírito no coração do crente (um dos aspectos do fruto do Espírito—ver Gál. 5:22), e faz parte da transformação ética que o Espírito Santo opera nos remidos, servindo também de evidência do desenvolvimento espiritual dos mesmos. CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 2. pag. 529..]

SÍNTESE DO TÓPICO IV
Em Jesus Cristo, toda a lei foi cumprida, isto é, todos os preceitos morais, cerimoniais e civis. Hoje, vivemos sob a Graça de Deus


CONCLUSÃO

A tendência humana é se esforçar para merecer a salvação, por isso ainda há aqueles que se ofendem com a mensagem de que a salvação é pela fé em Jesus, sem as obras da lei (Gl 2.16). O que tais pessoas querem é fazer do cristianismo um remendo de pano novo em veste. [Comentário: A lei cumpriu o seu papel, ou seja, mostrou que o homem é um pecador, mas não pôde fazer nada para limpá-lo, justificá-lo, santificá-lo. Porém Deus enviou seu Filho, e nEle está revelada a Graça. O crente se beneficia da lei estando debaixo da obra redentora de Cristo. O mérito de Cristo, sendo obediente à lei até as últimas consequências, compra-nos o benefício da salvação e a graça de conhecermos a vontade de Deus pela sua lei. O único modo de o ser humano ser salvo é submeter-se totalmente àquele que, por mérito, compra-lhe a salvação. Ainda aqui o homem é beneficiado pela Lei. Cristo a cumpre e declara justificado aquele por quem ele morre.]. “NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”,
Francisco Barbosa
Campina Grande-PB
Janeiro de 2015



PARA REFLETIR
A respeito dos Dez Mandamentos:

É correto afirmar que eles foram abolidos como lei?
O Decálogo é a Lei de Deus, assim como todo o Pentateuco. É chamado de Lei de Deus porque veio do próprio Senhor. Jesus Cristo cumpriu toda a Lei, e hoje ela está gravada, não em pedras, mas no coração daqueles que foram alcançados pela graça de Deus (2 Co 3.7,11).

Devemos guardar os Dez Mandamentos como os judeus guardam?
Os crentes não devem guardar os mandamentos como se houvesse apenas esses. Mas devem guardar no coração o novo mandamento de Cristo: a Lei de Cristo, o amor operado pelo Espírito Santo na vida cristã (1 Jo 3.23,24).  Assim cumpriremos todos os mandamentos.

Se Jesus cumpriu toda a Lei, devemos observar os Dez Mandamentos?
Quando perguntaram a Jesus o que se deveria fazer para executar a obra de Deus, Ele não disse que deveríamos guardar o sábado ou os Dez Mandamentos, mas exercer a fé nEle (Jo 6.28,29). Isto é, observando a lei de Cristo, o amor operado pelo Espírito.

O que é preciso fazer para executar as obras de Deus?
Exercer a fé em Cristo e cumprir a lei do amor (Rm 13.10; Gl 5.14).

A salvação se conquista por méritos humanos?
Não. É pela graça de Deus, por meio de Cristo Jesus, o nosso Senhor (Ef 2.8-10).


NOTAS BIBLIOGRÁFICAS

Revista Lições Bíblicas Mestre - 1º Trim./2015 - CPAD
Tema:  "Os Dez Mandamentos" - Os Valores Divinos para uma Sociedade e Constante Mudança
Comentário: Pr. Esequias Soares
Consultores Doutrinários e Teológicos:  Pr. Antonio Gilberto e Pr. Claudionor de Andrade

Fonte: Texto retirado de http://auxilioebd.blogspot.com.br/  postado por Francisco Barbosa

***

Texto Base: Dt 9:9-11; 10:1-5

“Então, vos anunciou ele o seu concerto, que vos prescreveu, os dez mandamentos, e os escreveu em duas tábuas de pedra” (Dt 4:13).


INTRODUÇÃO

A Lei Moral de Deus - expressão do Seu caráter, da Sua vontade, da Sua mente, expressão de toda Sua justiça - é a personificação dos dois grandes Mandamentos: amor para com o Deus Todo Poderoso e amor para com nossos semelhantes (Mt 7:12; 22:36-40; Rm 13:8-10). Esses dois Mandamentos citados por Jesus Cristo são o resumo dos Dez Mandamentos, que, por sua vez, são detalhados em todos os juízos e estatutos morais contidos na Bíblia inteira (Gn 26:5; Êx 15:26; Dt 4:1,2,6).

A Lei Moral foi proclamada por Deus no Monte Sinai (Êx 20:1-17) e escrita por Sua própria mão em duas tábuas de pedra (Êx 31:18; Êx 24:12; Dt 4:12,13; 5:4-7, 22). É a mesma lei dada no princípio a Adão e Eva, e aos patriarcas (Os 6:7; Gn 4:7; Gn 26:5). Ela é a base do Concerto de Deus com Seu povo, no Sinai (Êx 24:4,7,8; Hb 9:19,20).

Deus requereu de Israel e requer, também, de nós – Igreja do Senhor Jesus - duas atitudes em relação às Suas ordenanças: que possamos ouvir e obedecer (Dt 11:26,27). Desse modo, tornamo-nos Sua propriedade peculiar, Seu reino sacerdotal e Seu povo santo (Êx 19:5,6).

I. AS TÁBUAS DA LEI

Deus fez escrever os Dez Manda­mentos em duas tábuas de pedra – “Então disse o Senhor a Moisés: Sobe a mim ao monte, e fica lá; dar-te-ei tábuas de pedra, e a lei, e os mandamentos que escrevi, para os ensinares" (Êx 24:12). As tábuas foram guardadas dentro da arca durante séculos. Deu-se ao Tabernáculo o nome de "tenda do testemunho" (Nm 9:15; Nm 17:7,8;18:2; 2Cr 24:6) para lembrar aos israelitas que dentro da arca estava a Lei e que deviam viver de acordo com ela. Além de Êxodo 24:12, encontramos referências às duas tábuas em Êx 31:18 e Deuteronômio 10:1-5.

1. Formato.


“Era um jogo de duas tábuas com quatro faces. Não é possível saber qual era seu tamanho. A arca do concerto media um metro e dez centímetros de comprimento por 66 cm de largura e 66 cm de altura (Êx 25.10, NTLH). Cada uma dessas tábuas não devia passar de 75 cm x 55 cm x 55 cm, considerando que elas foram colocadas na arca juntamente com a vara de Arão, que floresceu, e um vaso com o maná (Hb 9.4). Um homem podia transportá-las tranquilamente” (LBM. CPAD).

2. A divisão das tábuas. Segundo Leo G. Cox, a divisão do Decálogo é entendida de modos variados. O judaísmo hodierno reputa que Êxodo 20:2 ordena a crença em Deus e é o primeiro mandamento, e combina os versículos 3 a 6 de Êxodo 20 no segundo mandamento. A divisão aceita nos primórdios da igreja torna Êxodo 20:3 o primeiro mandamento e Êxodo 20:4-6 o segundo. Esta posição foi apoiada por unanimidade pela igreja primitiva, e é mantida hoje pela Igreja Ortodoxa Oriental e pela maioria das igrejas reformadas.

As Igrejas Ortodoxas e Reformadas
A Igreja Católica Romana e as Igrejas Luteranas
1. Não terás outros deuses diante de mim (Ex 20:3).
1. Não terás outros deuses e não farás imagens.
2. Não farás imagens de escultura (Ex 20:4-6).
2. Não tomarás o nome de Deus em vão.
3. Não tomarás o nome de Deus em vão (Ex 20:7).
3. Lembra-te do dia de sábado.
4. Lembra-te do dia de sábado, para o santificar (Ex 20:8-11).
4. Honra teus pais.
5. Honra teus pais (Ex 20:12).
5. Não matarás.
6. Não matarás (Ex 20:13).
6. Não adulterarás.
7. Não adulterarás (Ex 20:14).
7. Não furtarás.
8. Não furtarás (Ex 20:15).
8. Não dirás falso testemunho.
9. Não dirás falso testemunho (Ex 20:16).
9. Não cobiçarás a casa de teu próximo.
10. Não cobiçarás a casa de teu próximo, nem sua mulher ou servo, ou animal (Ex 20:17).
10. nem sua mulher ou servo, ou animal.

Seguindo o modelo proposto por Calvino, baseado em Agostinho e Orígenes, percebemos que os primeiros quatro mandamentos, correspondente a “primeira tábua”, tratam da relação vertical, ou seja, das responsabilidades do homem para com seu Criador, enquanto a "segunda tábua", ou os seis mandamentos restantes, trata da relação horizontal, isto é, das responsabilidades do homem para com seu próximo.

Reencontramos esta dupla relação no ensino de Jesus Cristo, quando o Mestre respondeu a respeito do grande mandamento: "Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas"(Mt 22:37-40).


3. A rebelião (Ex 32:15-29). Estudando as Escrituras, não encontramos nenhum outro tipo de transgressão


que seja tratada com tanta severidade por Deus como a da rebelião. Vemos pessoas ficando gravemente enfermas (Nm 12:10), reis perdendo o seu trono (1Sm 13:13,14) e gente sendo morta por um juízo de Deus, simplesmente pelo fato de que se levantaram contra Sua autoridade (Nm 16:1-33). Rebelião contra Deus é como pecado de feitiçaria. Está escrito em 1Samuel 15:23: “Porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria...”. E está escrito que nenhum feiticeiro entrará no reino do Céu (Gl 5:20,21). 


Israel se rebelou contra Deus, ainda no Sinai, com o culto do bezerro de ouro. Enquanto Moisés se encontrava no monte Sinai recebendo das mãos do Senhor as tábuas da Lei, o povo começou a impacientar-se. Acostumados ao politeísmo egípcio e não possuindo ainda uma fé enraizada no Senhor, exigiram que Arão fizesse “... deuses que vão adiante de nós”.

Buscando ganhar tempo e contentar Israel, Arão deixa de ser homem de Deus e se faz homem do povo. Dos pendentes e objetos de ouro que possuíam os hebreus, forma ele um bezerro de fundição. Da idolatria, a congregação israelita passa rapidamente à apostasia: “Estes são teus deuses, ó Israel, que te tiraram da terra do Egito” (Ex 32:4).

Um abismo chama outro abismo: a idolatria trouxe a apostasia, e a apostasia descambou na permissividade: “e o povo assentou-se a comer e a beber; depois, levantaram-se a folgar” (Ex 32:6).

Segundo Paul Hoff, a rebelião vergonhosa de Israel acarretou-lhe castigo, apesar da intercessão de Moisés e da misericórdia de Deus. Os israelitas tinham de aprender que não é coisa insignificante menosprezar a revelação de um Deus santo e violar sua aliança com leviandade. Primeiro tiveram de ver como as tábuas da lei foram quebradas, ato que simbolizou que a idolatria deles havia anulado o Concerto. Segundo, foram obrigados a beber a água misturada com o pó do bezerro de ouro, como símbolo de que tinham de suportar a culpa de seu pecado. Depois, Moisés convidou todos os que quisessem unir-se a ele. Os levitas puseram-se ao lado de Moisés e lhe obedeceram matando a espada três mil dos que provavelmente eram os mais obstinados dos idólatras. Os levitas, por obedecerem à palavra do Senhor (Êx 32:27,28), foram constituídos na tribo sacerdotal de Israel (Êx 32:29).

O castigo que os israelitas sofreram foi severo, mas necessário para evitar que viessem a ser uma nação de idólatras.

Por que o Senhor foi, é e será tão severo com os rebeldes? 

Ø  Porque a rebelião questiona o senhorio de Deus. Deus não tolera a rebelião porque ela questiona a base que sustenta o Universo, ou seja, o seu Senhorio. Se existe algo que Deus não pode abrir mão é do governo sobre todas as coisas. Ao criar o homem e colocá-lo no Jardim do Éden com todo o respaldo para viver feliz e desfrutar da Terra, o Senhor Deus deixou claro que a única condição para que tudo permanecesse bem, era que Adão e seus descendentes se sujeitassem a Ele. A figura da “árvore do conhecimento do bem e do mal” colocada no meio do jardim com seu fruto proibido era um ícone da autoridade divina, um aviso que o homem deveria entender assim: “Você pode dominar sobre tudo, mas quem manda em você sou Eu, o Senhor”. Ao comer daquele fruto, Adão e Eva estavam se insurgindo, proclamando sua independência e, como resultado, receberam toda a maldição do pecado, não somente sobre si, mas sobre toda a raça humana que os seguiu.

Ø  Porque a rebelião nos assemelha a Lúcifer, o querubim corrompido. Foi exatamente uma insurreição contra a soberania do Senhor Deus, que fez com que Lúcifer e um terço dos anjos fossem expulsos do céu e se tornassem este reino asqueroso de demônios que atormenta a Terra. Quando nos rebelamos, nós que fomos feitos para manifestar a glória e o caráter de Cristo, assumimos uma identificação completamente oposta, assemelhando-nos àquele que se tornou o maior inimigo de Deus, o Diabo.

Ø  Porque a rebelião contamina. A rebelião tem um terrível e devastador poder de contaminação. Rebeldes costumam levantar insurreições, são como o estopim de uma grande bomba. Ao lado de um rebelde logo se levantarão muitos outros. Por isso, não podem ser deixados à revelia, agindo no meio da sociedade como células cancerosas que se multiplicam em sua loucura.

4. Deus renova o Concerto. Moisés intercede pelo povo. Ele pediu que o Senhor perdoasse completamente o pecado do povo e o restaurasse espiri­tualmente. Estava disposto a oferecer-se a si mesmo em lugar de seu povo, e não somente daria a sua vida, mas também estava disposto a renunciar à vida eterna a fim de obtê-la para Israel.

A intercessão de Moisés foi grandemente recompensada. O intercessor voltou a subir ao Monte Sinai e aí o Concerto foi renovado e foram escritas novas tábuas da lei. Deus concedeu a Moisés uma nova revelação do caráter divino proclamando seu nome: "Deus misericordioso e piedoso, tardio em iras e grande em beneficência... que perdoa... que ao culpado não tem por inocente" (Êx 34:6,7).

Conquanto Deus seja justo quando castiga os malfeitores, sua maior glória é seu amor perdoador. Sua justiça e misericórdia andam sempre juntas como se vê no caso da cruz do Calvário. Na ocasião aqui descrita, Deus manifestou sua misericórdia perdoando a seu povo.

Quando Moisés desceu do monte, seu rosto resplandecia com a glória de Deus. Isto nos ensina duas verdades: a formosura de caráter e a força espiritual vêm da comunhão íntima com Deus; a pessoa na qual se vê o brilho de Deus não percebe que está refletindo a glória divina, e quando o sabe, deixa de ser radiante.

II. OS DEZ MANDAMENTOS

Os "Dez Mandamentos" revelam, na aliança de Deus com Israel, o próprio caráter de Deus e, como tal, são uma demonstração do comportamento que Deus requer de todo ser humano em relação a Deus e ao semelhante, cuja profundidade e alcance foram bem demonstrados por Jesus no sermão do monte.

Concordo com Solano Portela quando diz - em seu livro “A Lei de Deus Hoje” - que os Dez Mandamentos tem validação histórica, didática, reveladora e normativaHistórica porque está entrelaçada na história da revelação de Deus e da redenção do Seu povo. Didática porque ela nos ensina o respeito ao nosso Criador e aos nossos semelhantes. Reveladora porque nos revela o caráter e a santidade de Deus, bem como a pecaminosidade das pessoas. Normativa porque ela especifica com bastante clareza o procedimento requerido por Deus a cada uma das pessoas que habitam a sua criação, em todos os tempos.

1. Origem do Termo. A expressão "Dez Mandamentos”, também conhecida como “Decálogo”, vem de dois termos gregos: “deka”(dez), e “logos “(palavra), ou seja, “dez palavras”. “Esses Mandamentos, dados por Deus a Moisés, no monte Sinai, tornaram-se a base da legislação levítica. Uma das mais duradouras legislações de todos os tempos. O Decálogo é mais que um código de leis. Antes, é a base do pacto teocrático (governo de Deus) que separou o povo de Israel como um veículo do favor divino, como um elemento através do qual a mensagem espiritual haveria de ser transmitida. Os inúmeros preceitos que aparecem em seguida, governando cada aspecto da vida diária, ensinam-nos que Deus está atento a todos os aspectos da nossa vida. Esse elaborado sistema tinha o intuito de governar a vida física dos israelitas, mas também tinha funções educativas. O próprio Decálogo estabelece alguns princípios perfeitamente éticos, cuja aplicação pode ser vasta e abrangente” (CHAMPLIN, 2004, pp. 25,125).

O termo “dez mandamentos” ou “dez palavras”, só aparece três vezes na Bíblia: Êxodo 34:28 e Deuteronômio 4:13; 10:4:

- "E ali esteve com o Senhor quarenta dias e quarenta noites; não comeu pão nem bebeu água; c escreveu nas tábuas as palavras da aliança, as dez palavras" (Êx 34:28);

- "Então vos anunciou ele a sua aliança, que vos prescreveu, os dez mandamentos, e os escreveu em duas tábuas de pedra" (Dt 4:13);

- "Então escreveu o Senhor nas tábuas, segundo a primeira escritura, os dez mandamentos que ele vos falara no dia da congregação, no monte, no meio do fogo" (Dt 10:4).

2. Classificação. “As autoridades religiosas de Israel sempre classificaram os Dez Mandamentos em dois grupos: teológico e ético; vertical e horizontal; relação do ser humano com Deus e com o próximo. Os primeiros mandamentos são teológicos e se resumem no primeiro e grande mandamento (Dt 6.5; Mt 22.37,38; Mc 12.30; Lc 10.27). Os da segunda tábua são éticos, e consistem em amar o próximo como a si mesmo (Lv 19.18; Mt 22.39; Mc 12.31)” (LBM.CPAD).

Assim, partindo da observação dos aspectos vertical e horizontal do Decálogo, traçamos o seguinte esboço:

1. O testemunho da singularidade e exclusividade de Deus (Êx 20:3).

2. O testemunho da incomparabilidade de Deus (Êx 20:4-6).

3. O testemunho da santidade de Deus (Êx 20:7).

4. O testemunho do senhorio de Deus sobre o tempo (Êx 20:8-11).

5. A proteção da velhice (Êx 20:12).

6. A proteção da vida (Êx 20:13).

7. A proteção do matrimonio e do corpo (Êx 20:14).

8. A proteção da propriedade e do trabalho (Êx 20:15).

9. A proteção da honra (Êx 20:16).

10. A proteção contra as ambições erradas e a cobiça (Êx 20:17).

3. O significado dos dez mandamentos. Paul Hoff, em seu Livro “O Pentateuco”, explica o significado dos Dez Mandamentos, conforme abaixo:

a) A unicidade de Deus - "Não terás outros deuses diante de mim”. Há um só Deus e só a ele havemos de oferecer culto. A adoração a anjos, a santos ou qualquer outra coisa é violação do primeiro mandamento.

b) A espiritualidade de Deus - "Não farás para ti imagem de escultura... nem te encurvarás a elas" (Ex 20:4,5). Proíbe-se não somente a adoração de imagens ou de deuses falsos, mas também prestar culto ao verdadeiro Deus em forma errada. Tais coisas degradam ao Criador. Deus é espírito e não tem forma.

As palavras "porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a maldade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem" (Êx 20:5) devem ser interpretadas à luz do caráter de Deus e de outras Escrituras. Deus é zeloso no sentido de Ser exclusivista, não tolerando que seu povo preste culto a outros deuses. Como um marido que ama a sua esposa não permite que ela reparta seu amor com outros homens, Deus não tolera nenhum rival.

Deus não castiga os filhos pelos pecados de seus pais senão nos casos em que os filhos continuem nos pecados dos pais. Castiga os que o "aborrecem", mas não os arrependidos. "A alma que pecar, essa morrerá"; "o filho não levará a maldade do pai, nem o pai levará a maldade do filho" (Ez 18:20). Em vez disso, a maldade passa de geração a geração pela influência dos pais e, quando chega a seu ponto culminante, Deus traz castigo sobre os pecadores (Gn 15:16; 2Reis 17:6-23; Mt 23:32-36).

c) A santidade de Deus - "Não tomaras o nome do Senhor teu Deus em vão”. Este mandamento inclui qualquer uso do nome de Deus de maneira leviana, blasfema ou insincera. Deve-se reverenciar o nome divino porque revela o caráter de Deus.

Originalmente este mandamento se referia a não jurar pelo nome de Deus se o juramento fosse falso (Lv 19:12), mas se permitia jurar pelo seu nome (Dt 10:20). Contudo, Jesus proibiu terminantemente jurar pelas coisas sagradas (Mt 5:34-37). A simples palavra de um filho de Deus deve ser verdadeira, sem recorrer a juramentos.

d) A soberania de Deus - "Lembra-te do dia do sábado, para o santificar". Um dia da semana pertence a Deus. Reconhece-se a soberania de Deus guardando o dia de repouso, visto que esse dia nos lembra que Deus é o Criador a quem devemos culto e serviço. "Santificar" o dia significa separá-lo para culto e serviço.

e) Respeito aos representantes de Deus - "Honra a teu pai e a tua mãe". O homem que não honra a seus pais tampouco honrará a Deus, pois esta é a base do respeito a toda a autoridade.

f) A vida humana é sagrada - "Não matarás". Este mandamento proíbe o homicídio, mas não a pena capital, visto que a própria lei estipulava a pena de morte. Também se permitia a guerra, visto como o soldado atua como agente do estado.

g) A família é sagrada - "Não adulterarás". Este mandamento protege o matrimônio por ser uma instituição sagrada instituída por Deus. Isto vigora tanto para o homem como para a mulher (Lv 20:10).

h) Respeito à propriedade alheia: "Não furtarás". Há muitas maneiras de violar este mandamento, tais como não pagar suficiente­mente ao empregado, não fazer o trabalho correspondente ao salário combinado, cobrar demasiado e descuidar a propriedade do senhor.

i) A justiça: "Não dirás falso testemunho". O testemunho falso, desnecessário, sem valor ou sem fundamento constitui uma das formas mais seguras de arruinar a reputação de uma pessoa e impedi­da de receber tratamento justo por parte dos outros.

j) O controle dos desejos: "Não cobiçarás". A cobiça é o ponto de partida de muitos dos pecados contra Deus e contra os homens.

III. A QUESTÃO DOS PRECEITOS DA LEI

1. Uma só lei. “Quanto à lei, algo precisa ser dito sobre a alegada divisão em lei moral, lei cerimonial e lei civil. Desde muito tempo qualifica-se o Decálogo como lei moral, enquanto a parte da legislação mosaica que trata das cerimónias de sacrifícios e festas religiosas, entre outras, é chamada de lei cerimonial, e os preceitos de caráter jurídico são considerados lei civil. A visão tripartite da lei em preceitos morais, cerimoniais e civis não vem das Escrituras. Os judeus jamais dividiram sua lei em moral e cerimonial. Ao longo da história, eles observaram o sábado e a circuncisão com o mesmo cuidado. Jesus disse que a circuncisão está acima do sábado (João 7:22,23)” (Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. p. 25. CPAD).

Segundo o pr. Esequias Soares, o Decálogo é a única parte do Pentateuco escrita "pelo dedo de Deus" (Êx 31:18), linguagem figurada que, segundo Agostinho de Hipona, indica "pelo Espirito de Deus" e, de acordo com Clemente de Alexandria, "pelo poder de Deus". É também a única porção da lei que Israel ouviu partir da voz do próprio Deus no monte quando ele transmitia essas “dez palavras” (Êx 19:24,25; 20:18-20). Os demais preceitos foram transmitidos por Javé exclusivamente a Moisés. Além dessas características, elas servem como esboço de toda a lei de Moisés. Todavia, isso não coloca o seu conteúdo numa posição acima da legislação mosaica porque toda a lei veio de Deus e "toda a Escritura é inspirada por Deus" (2Tm 3:16 - ARA).

2. A Lei do Senhor e a lei de Moisés. Embora muitas vezes a Lei do Senhor dada através de Moisés seja chamada de Lei de Moisés (Js 8:31; 1Rs 2:3; Ed 7:6; Lc 2:22;24:44; 1Co 9:9), o registro do capítulo 20 do livro do Êxodo nos mostra que Deus é a origem da Lei (Êx 20:1).

“Durante todas as negociações entre israelitas e egípcios, quando os primeiros eram escravos dos últimos, o papel de Moisés era, antes de mais nada, o de mediador. Deus não falou com Faraó, mas mandou Moisés lhe falar. Ele continuou nesse papel durante a Páscoa – ‘Falai a toda a congregação de Israel’ (Êx 12.3) e no êxodo – ‘Fala aos filhos de Israel’ (Êx 14.2). No Sinai, sua função continuava sendo a de transmitir a palavra de Deus ao povo  - ‘Estas são as palavras que falarás aos filhos de Israel’ (Êx 19.6). Por outro lado, na revelação do Decálogo esse aspecto foi omitido. Moisés ouviu juntamente com o povo, ao qual Deus falou de modo direto (Êx 20.1). Essa é uma forma de a Bíblia nos dizer que, quando lemos o Decálogo, estamos frente a frente com a excelência da vontade de Deus para seus seguidores, no que diz respeito a estilo de vida e compromisso moral. Observe a sequência aos Dez Mandamentos: ‘eu falei convosco desde os céus’ (Êx 20.22), não do Sinai” (HAMILTON, 2007, p. 215).

3. A lei de Deus. Todo o Pentateuco é considerado a Lei de Deus e não meramente os Dez Mandamentos (ler Josué 24:26). O que de fato existem são preceitos morais, cerimoniais e civis, mas a Lei é uma só. “É chamada de Lei de Deus porque veio de Deus, e lei de Moisés porque foi ele o mediador entre Deus e Israel (Ne 10:29). Ambos os termos aparecem alternadamente na Bíblia (Ne 8:1,2,8,18; Lc 2:22,23). A cerimonia dos holocaustos, a circuncisão e o preceito sobre o cuidado dos bois são igualmente reconhecidos como lei de Moisés (2Cr 23:18; 30:16; At 15:5; 1Co 9:9)” (LBM – CPAD).

IV. A LEI DA GRAÇA

1. A transitoriedade da Lei. Em João 15:10, lemos que Jesus cumpriu lodos os mandamentos de Seu Pai. Em Mateus 5:17,18, também lemos que Jesus cumpriu toda a lei, os preceitos morais, cerimoniais e civis. Todavia, na opinião dos fariseus expressa em João 5:18, Jesus teria quebrado a lei da santificação do sábado. O incidente aqui relacionado não se refere à validade da lei mosaica em si, mas à sua interpretação.

Enquanto os fariseus, com sua filosofia casuísta e astúcia precisa, queriam defender e cumprir rigorosamente os preceitos a respeito do sábado, Jesus apoiou os discípulos que debulharam grãos (Mt 12:1-8) e operou várias curas no sábado (Mt 12:9-14; Lc 13:10-17; 14:1-6). Além disso, Jesus declarou que é Senhor do sábado (Mt 12:8) e que o sábado foi estabelecido por causa dos homens, e não vice-versa (Mc 2:27).

Jesus rejeitou a interpretação legalista ou puramente moralista da lei mosaica (Gl 1:14). Isto se torna ainda mais evidente diante da mulher descoberta em flagrante adultério. A lei mandava que ela fosse apedrejada até a morte (Lv 20:10; Dt 22:22-24); Jesus, porém, com Sua graça perdoadora e restauradora, redimiu a mulher e convidou-a a não mais pecar (João 8:11).

O apóstolo Paulo é muito claro quando fala que “o ministério da morte, gravado com letras em pedras [...] era transitório” (2Co 3:7,11). A verdade moral contida no sistema mosaico, como disse o teólogo Chafer, “foi restaurada sob a graça, adaptada à graça e não à lei”. Isso diz respeito a sua função e não compromete a sua autoridade como revelação de Deus e parte das Escrituras divinamente inspiradas (2Tm 3:16,17). Várias vezes Jesus declarou que a lei mosaica é a Palavra de Deus (Mc 7:13; João 5:38) ou a lei de Deus (Mt 15:6). Repetidas vezes encontramos a frase "está escrito", indicação da validade da lei (Mt 4:4;11:10,etc), e a pergunta retórica "não lestes?"(Mt 12:3a).

Jesus Cristo não exige de Seus discípulos a execução exterior da lei, mas sim que eles permaneçam em Cristo (João 15:4,5). O Espírito Santo é quem esclarece e mostra o significado e as implicações práticas disso, de acordo com tudo aquilo que Cristo ensinou (João 14:26;15:26;16:13). Em Romanos 8:4, o apóstolo Paulo enfatiza, com bastante clareza e exatidão, que a lei cumpre-se em nós quando andamos no Espírito.

“O Espírito Santo operando dentro do crente, capacita-o a viver uma vida de retidão que é considerada o cumprimento da lei moral de Deus. Sendo assim, a operação da graça e a guarda da lei moral de Deus não conflitam entre si (cf. Rm 2:13; 3:31; 6:15; 7:12,14). Ambas revelam a presença da justiça e da santidade divinas” (Bíblia de Estudo Pentecostal).

2. A Graça. Segundo Paulo, nós estamos debaixo de uma nova aliança caracterizada pela graça (Rm 8:6-17). A Graça é a presença e o amor de Deus em Cristo Jesus, transmitidos aos crentes pelo Espírito Santo, e que lhes outorga misericórdia, perdão, querer e poder para fazer a vontade de Deus (1Co 15:10 Fp 2:13). Toda atividade da vida cristã, desde o seu início até o fim, depende desta graça divina. Deus concede graça ao crente para seja “liberto do pecado” (Rm 6:20,22), para que nele opere “tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade” (Fp 2:13), para crescer em Cristo (2Pe 3:18) e para testemunhar de Cristo (At 4:33; 11:23).

A lei diz “faça e viva”, no entanto, a graça diz “viva e faça”. Por esta razão os cristãos estão debaixo da graça, e não da lei (Rm 6:14; Gl 3:23-25). A lei não tem domínio sobre nós (Rm 7:1-4). Graças a Deus!

3. Os Mandamentos de Cristo. Jesus falou diversas vezes sobre o Novo Mandamento, a Lei de Cristo, o amor operado pelo Espírito Santo na vida cristã:

“Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis” (João 13:34).

- “Se me amardes, guardareis os meus mandamentos. Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, este é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei e me manifestarei a ele” (João 14:15,21).

- “Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, do mesmo modo que eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai e permaneço no seu amor” (João 15:10).

Está escrito em Rm 13:8-10:

8. A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros; porque quem ama aos outros cumpriu a lei.

9. Com efeito: Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não darás falso testemunho, não cobiçarás, e, se há algum outro mandamento, tudo nesta palavra se resume: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo.

10. O amor não faz mal ao próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o amor.

O apóstolo Paulo escreveu aos Gálatas:

“Porque toda a lei se cumpre numa só palavra, nesta: Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (G 5:14).

Portanto, o mandamento de Cristo é a fé nEle, é a lei do amor e não a letra da lei. Quem ama a Cristo tem a Lei do Espírito em seu coração.

CONCLUSÃO

A Lei de Deus é, antes de tudo, um instrumento de diagnóstico para expor e condenar o pecado, em preparação para o evangelho. Entretanto, para a pessoa perdoada e capacitada peio Espírito através da fé, a lei é também um guia moral, uma norma de comportamento cristão. A ética cristã está baseada nos Dez Mandamentos, mas é determinada e decidida pelo amor (Rm 13:8), guiada e direcionada pelo Espírito Santo (Rm 8:4) e cumprida cm Cristo (Mt 5:15-18).

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Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Revista Ensinador Cristão – nº 61. CPAD.

Eugene H. Merrill – História de Israel no Antigo Testamento. CPAD.

Paul Hoff – O Pentateuco. Ed. Vida.

Leo G. Cox - O Livro de Êxodo - Comentário Bíblico Beacon. CPAD.

Victor P. Hamilton - Manual do Pentateuco. CPAD.

Hans Ulrich Reifler. A ética dos dez Mandamentos. Vida Nova.

Esequias Saores. Os Dez Mandamentos – Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. CPAD.




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O PADRÃO DA LEI MORAL por Prof. Adaylton de Almeida Conceição


INTRODUÇÃO

Êx 20.1,2 “Então, falou Deus todas estas palavras, dizendo: Eu sou o SENHOR, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão.”

Um dos aspectos mais importantes da experiência dos israelitas no monte Sinai foi o de receberem a lei de Deus através do seu líder, Moisés. 

O ÊXODO E UMA INTRODUÇÃO À LEI DE DEUS.

O Antigo Testamento foi especialmente desenhado por Deus para fazer com que as grandes verdades do Novo Testamento cheguem até nós como algo vivo. Necessitamos que isto aconteça em nossa experiencia cristã porque muitos dos ensinos são simplesmente conhecimento acadêmico, no que a nós concerne, até que cobram vida quando os vemos interpretados nas dramáticas apresentações do Antigo Testamento.

Porém, se observarmos bem, o Êxodo é tudo sobre Deus. O Êxodo é a resposta de Deus diante da necessidade do homem e a maneira em que tem suprido a solução  para o pecado do homem. O libro vem a ser uma imagen da redenção, da atividade de Deus por redimir ao homem em sua necessidade, em seu pecado, em sua degradação e em sua desgraça. 

Assim que, depois de examinar o ensino tipíco deste libro chegamos ao capitulo 19 sobre o Sinai, ou seja, os Dez Mandamentos, a Lei e o tabernáculo, a terceira e quarta seção do Exodo. Unamos estas duas. Como é natural temos no Sinai o momento em que se entrega a Lei. Porém “em que consiste a lei?” É simplesmernte uma imagen da santidade de Deus, ou seja, do caráter de Deus. Podemos dizer de outro modo. É o fato de que Deus é imutável, que tem um caráter inflexivel. Sabemos  que não há nada mais terrivel para os seres humanos que ter que afrontar, sem tapumes, o fato de que Deus é completamente imutável e qua nada o fará mudar.

A Lei é o nível absoluto e irrevogável da personalidade de Deus, que é o que descubrimos quando nos encontramos com a experiencia do Senhorio de Cristo, que é totalmente imutável e que jamais fará que o que nos exige en nossa vida seja menos.

A LEI – PRINCIPIO DO GOVERNO DE DEUS.

A palavra Tórah do hebraico תּוֹרָה, geralmente é traduzido por Lei, mas  muitos estudiosos preferem traduzi-la por “guiar/ensinar”, alegando que é a base da palavra hebraica. Mas não difere muito do significado mas popular que corresponde a instrução, orientação, conjunto de ensino profético ou doutrina. É o nome dado aos cinco primeiros livros do Tanakh também chamados de Hamisha Humshei Torah, mas o termo Torá é aplicado igualmente ao Antigo Testamento como um todo.

A Torá possuem 613 mandamentos (mitzov). Todas essas Leis expressam a vontade de Deus, através das quais um grupo de sacerdotes exerce o governo do povo (Teocracia). Em um estado teocrático os poderes Temporal e Espiritual encontram-se unidos, não havendo distinção entre Lei civil, moral e religiosa. Todas elas são objeto da classe sacerdotal que conduz e regula a vida do povo através dos Mandamentos outorgados por Deus.

O decálogo.  O decálogo é o esboço e a linha mestra da lei de Moisés. Ele está registrado em Êxodo 20.1-7 e Deuteronômio 5.6-21. O termo vem de duas palavras gregas deka “dez”, logos “palavra”, usado na Septuaginta (LXX) para traduzir as expressões hebraicas asseret hadevarim “as palavras” (Êx 34.28; Dt 4.13; 10.4). “As dez palavras”, nessas passagens, têm o sentido de “mandamento, pronunciamento, princípio”. Por essa razão, o decálogo ficou conhecido universalmente como “os dez mandamentos” que Deus escreveu em pedras e entregou aos filhos de Israel, através de Moisés.

Os Dez mandamentos faziam parte do antigo concerto que, por sua vez, abrangia os cinco livros da Bíblia conhecido como Pentateuco, constituído de 613 mandamentos, e não apenas dez (Dt 4.12-13; 9.8; Ex 34.27-28

OS PRINCIPIOS DOS MANDAMENTOS

Os mandamentos não eram meramente um código de ética ou conselho moral. A aliança era entre Deus e uma nação; os mandamentos eram diretamente direcionados a vida daquela nação e seus cidadãos. Consequentemente, o papel inicial dos mandamentos era parecido com aquele de uma lei criminal numa nação moderna. 

Israel era uma teocracia, uma nação cujo rei era Deus (Deuteronômio 33:5). Os mandamentos proporcionavam orientação aos cidadãos da nação. Então, infringir um mandamento era cometer um crime contra a nação e contra o governador desta nação, Deus. As penalidades eram severas, pois quebrar um mandamento ameaçava a relacionamento da aliança e a existência continua da nação. 

PRINCÍPIO PREDOMINANTE DA LEI

O princípio predominante da Lei era a teocracia. O próprio Senhor era considerado como Rei; as leis foram por Ele dadas; O Tabernáculo e depois o templo eram considerados como Sua habitação.

Com Deus tinha relação à paz e a guerra, questões estas determinadas sob todos os governos pela suprema autoridade (Dt 1.41,42; Js 10.40; Jz 1.1,2; 1Rs 12.24). A idolatria era uma traição. Por consequência em relação aos judeus era Jeová ao mesmo tempo Deus e Rei. A teocracia tinha as suas externas manifestações. Deste modo, o Tabernáculo onde se realizou o culto público desde o Êxodo até ao reinado de Salomão, era não só o templo de Deus, mas também o palácio do Rei invisível.

LEI MORAL E LEI CERIMONIAL – QUAL O CERTO?

Alguns segmentos religiosos dizem que a lei de Deus é o Decálogo, e a de Moisés é a lei cerimonial, ou seja: os demais preceitos, que não são universais. Porém, a Bíblia afirma que existe uma só lei. O que existe, na verdade, são preceitos morais, preceitos cerimoniais e preceitos civis. São divisões distintas, mas uma só lei.

Na Bíblia, ao referir à lei de Moisés, para os judeus não se acha a distinção de lei “moral”, “cerimonial” ou “civil”, mas somente: “Lei”, “Lei do Senhor” e “Lei de Moisés”. Nisso podemos entender que o Decálogo é só uma parte da Lei e não a sua totalidade. Há muitos que querem distinguir o Decálogo como a mais importante parte da Lei, sendo a parte moral, e as outras como as cerimônias ou civis, sendo inferiores.  É claro que o Decálogo tem as partes morais, cerimônias e civis. Essas partes, em si, não são distinguidas como sendo maior ou menor da “lei” mas, a própria lei. A parte cerimonial (sacrifícios) é chamada “lei” (Lc 2.27). A parte moral é chamada “lei” (1ª Tm 1.9). A parte civil é chamada “lei” (At 23.3). Pode entender isso comparando o resto da Bíblia com o Pentateuco. Entenderá que a o Revdº Esequias Soares, em seu comentário, é muito claro ao dizer, no tópico III que “o que existem são preceitos morais, cerimoniais e civis, mas a lei é uma só”. O Revdº Natanael Rinaldi, diz que “Tais pessoas usam de todos os meios para conseguirem impor suas idéias, até mesmo citar autoridades protestantes fora do contexto”. E acrescenta: “É bom saber que esta divisão não se encontra em nenhum lugar na Bíblia, verdade é que muitos teólogos protestantes fazem por mera conveniência a distinção entre princípios morais e cerimoniais, mas não que exista duas leis opostas como aparece em algumas teologias...”.

O PENTATEUCO

O termo πεντάτευχος — pentáteucos — Pentateuco refere-se aos primeiros cinco livros do da Bíblia. Esta palavra é uma combinação de - πέντε — pénte - cinco e τευχος — teuchos - rolos. Há evidências bíblicas que confirmam a idéia que os livros de Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio formam juntos uma unidade literária. Quando lemos no Antigo Testamento expressões tais como: 

- Livro da lei de Moisés – ver 2 Reis 14:6; 

- Livro da lei” - ver Josué 1:8

elas, provavelmente, referem-se ao Pentateuco. O Novo Testamento, por sua vez, refere-se a esses livros como “Lei”, na expressão “A lei e os profetas” – ver Lucas 16:16. Portanto, não devemos, necessariamente, ver o Pentateuco como cinco livros separados e sim como um conjunto.

O ensinamento, a Torah, abrange aspectos concretos da vida quotidiana do povo hebraico. Há indicações de comportamento para várias realidades, seja na relação com Deus que com as pessoas  e coisas com que se convive.

Os primeiros livros da Bíblia contém muitas orientações para a vida do povo. É ali, por exemplo, que se define como celebrar a Páscoa dos judeus, quando se conta a saída do Egito (Êxodo 13), como se deve construir (veja a partir de Êxodo 25), o respeito do Shabat (Êxodo 35), os sacrifícios (a partir de Levítico 1), sobre o que é puro e impuro (Levítico 11), etc. Há também regras nas relações humanas, seja relacionadas com o sexo (Levítico 18) que com a família e vizinhos (Levítico 19-20).

O SACRIFICIO

No comentário anterior, temos duas palavras que vale apena voltar a recorda-las, pois será muito importante entende-las antes de adentrarmos no estudo dos Dez Mandamentos. 

Trata-se das palavras; “Sacrifícios” e “Holocausto”.  O sacrifício é uma oferta, animal ou vegetal, que é destruída, parcialmente ou totalmente, sobre o altar. Na Bíblia o tema dos sacrifícios é particularmente complexo sobretudo por causa dos termos usados, visto que eles são diversos e às vezes não conseguimos distinguir claramente cada um deles. De qualquer forma o texto básico para o estudo desse tema é o assim chamado “código dos sacrifícios”, que encontramos no livro dos Levíticos 1 – 7.

Holocausto. Ao falarmos sobre a Oferta do Holocausto, precisamos entender que este tipo de sacrifício corresponde a toda carne queimada sobre o altar do holocausto. A palavra holocausto vem do termo hebraico "hle" - `olah, e tem como significado "queimado que O termo original ‘olah’ de significado ‘aquilo que sobre’, tanto podia referir-se à oferta que subia ao Senhor, como ao ‘cheiro suave’ (Lv 1.17), ou ainda ao animal inteiro, e não apenas parte dele, que era oferecido, ou erguido sobre o altar.

SIMBOLISMOS

No Holocausto, o animal sacrificado deveria ser entregue sobre o altar para ser queimado. Isto era agradável a Deus, "cheiro suave": "Assim queimarás todo o carneiro sobre o altar; é um holocausto para o Senhor; é cheiro suave, oferta queimada ao Senhor", Êx 29.18. Da mesma maneira, Cristo entregou-se por nós em sacrifício a Deus, Ef 5.2, "... e andai em amor, como Cristo também vos amou, e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em "cheiro suave". A expressão "cheiro suave", vem dos termos gregos: "osmh" (osme) – cheiro, aroma e "euwdia" (euodia) – "cheiro doce", "fragância", "perfume agradável". O sacrifício de Cristo pelos nossos pecados subiu a Deus como uma fragância agradável a Deus.

O PORQUÊ DOS SACRIFICIOS

Deus exigia sacrifícios de animais para que a humanidade pudesse receber perdão dos seus pecados (Levítico 4:35; 5:10). Para começar, sacrifício de animal é um tema importante encontrado por todas as Escrituras. Quando Adão e Eva pecaram, animais foram mortos por Deus para providenciar vestimentas para eles (Gênesis 3:21). Caim e Abel trouxeram ofertas ao Senhor. A de Caim foi inaceitável porque ele trouxe frutas, enquanto que a de Abel foi aceitável porque ele trouxe “das primícias do seu rebanho e da gordura deste” (Gênesis 4:4-5). Depois que o dilúvio recuou, Noé sacrificou animais a Deus. Esse sacrifício de Noé foi de aroma agradável ao Senhor (Gênesis 8:20-21). Deus ordenou que Abraão sacrificasse seu filho Isaque. Abraão obedeceu a Deus, mas quando Abraão estava prestes a sacrificar a Isaque, Deus interveio e providenciou um carneiro para morrer no lugar de Isaque (Gênesis 22:10-13). 

A LEI  E A GRAÇA

O tema da Lei divina em confronto com o da Graça está sendo debatido atualmente em muitos fóruns evangélicos. O assunto é tratado também em muitas matérias teológicas. Todavia, é muito estranho haver quem procure estabelecer contradição nas declarações bíblicas, onde realmente não existe. Não há contradição alguma entre LEI e GRAÇA. 

Equivocadamente muitas correntes religiosas têm defendido a ideia de duas épocas 

- Dispensação da Lei

- Dispensação da Graça.

Nosso Deus é Deus de compromisso. O Senhor estabelece os acordos regenciais e jamais descumpre Seus tratados. E o primeiro Ser com quem o Senhor firmou um compromisso eterno, foi Consigo mesmo. Vejamos: “Se somos infiéis, ele permanece fiel; porque de maneira nenhuma pode negar-se a si mesmo.” (2 Timóteo 2:13) O Senhor fez diversas alianças com o homem desde a sua criação. Uma das mais conhecidas está registrada em Gênesis 9:9-17. E o que vem a ser um “pacto”? Literalmente, um pacto é um acordo, um contrato, uma convenção entre duas ou mais pessoas. Apesar dos diversos pactos que aparecem na Bíblia entre Deus e o homem, existem dois tratados que são as principais alianças (uma que regeu e outra que rege e regerá para sempre a relação do Senhor com a O Pacto da Lei, também conhecido hoje como Velho Testamento, Antigo Testamento, entre outras nomenclaturas, e o Pacto da Graça, o Pacto Eterno, a Nova e definitiva Aliança estabelecida por Deus. Para entendermos estas duas alianças estabelecidas por Deus para conduzir o seu povo, e visualizarmos bem as suas diferenças, precisamos conhecer ambas separadamente, em uma visão geral e panorâmica:

A LEI) Metaforicamente, podemos dizer que a Lei foi o “raio-x” usado por Deus para exibir a real condição humana depois da queda adâmica: “Porque antes da lei já estava o pecado no mundo, mas onde não há lei o pecado não é levado em conta.” (Romanos 5:13

O povo de Deus conseguiu cumprir a Lei? Não. A Lei veio mostrar ao homem a sua total incapacidade de obedecê-la. A Lei veio realçar a condição do pecador e apresentar-lhe o único caminho para sua redenção: o derramamento do sangue inocente para o perdão de suas faltas, ou do seu fracasso em cumprir a Lei.

O sangue de animais especiais (cordeiros, bodes, novilhos: machos, sem defeito) era vertido e recolhido numa bacia e derramado nas pontas do altar do holocausto. Era uma apresentação à justiça de Deus, em busca do perdão. Não houve um justo sequer, ninguém irrepreensível sobre a Terra, exceto Jesus, o Cordeiro de Deus. 

Até quando perdurou o domínio da Lei entre o povo de Deus? A Lei veio até Jesus. O apóstolo Paulo nos diz que a Lei fez o papel de aio para conduzir-nos a Cristo. “Aio” era o professor grego (pedagogo) que se encarregava do ensino e da tutela das crianças numa família de posses naquela época do NT. Enquanto menores, as crianças estavam sob a responsabilidade do “aio” e havia o medo de desagradá-lo. Quando o menino atingisse a maioridade, então deixaria o professor e prosseguiria, agora, num relacionamento com o pai, na condição de filho, entretanto com maturidade, assumindo o seu lugar na família.

Quando Jesus veio e morreu em nosso lugar na cruz do Calvário, Ele levou sobre si as nossas culpas e nos justificou perante a justiça de Deus. Ele nos concedeu uma nova vida e nos capacitou para vivermos em santidade em sua presença, dando-nos o seu Espírito Santo para habitar em nós. O que Jesus fez é graça. Maravilhosa graça. 

A graça de Cristo. O que é a graça de Deus? Como ela age em nós?


A definição mais conhecida para “graça” é: “favor imerecido”. Ela envolve o perdão, a salvação, a regeneração, o arrependimento e o amor de Deus.

Deus sabia que não seríamos capazes de viver em santidade sendo dominados por essa natureza pecaminosa herdada de Adão, após a sua queda no Éden. Ele providenciou, por causa de seu grande amor, de sua misericórdia infinita, para todos os homens, indistintamente, o “escape”, a salvação, o perdão de seus pecados, por meio do sangue inocente do Cordeiro de Deus, o seu próprio e imaculado Filho, Jesus.

Em Gálatas 5.2,3, Paulo orienta os irmãos que se deixavam ser circuncidados que a atitude deles não eram louváveis, pois a circuncisão era uma atitude praticada no tempo da Lei. 

Paulo disse que tais irmãos, que aceitavam tal prática, deveriam seguir toda a lei. Uma vez que ninguém consegue cumprir toda a Lei (exceto Jesus), Tiago 2.10 afirma que qualquer pessoa que descumprir um só preceito dela será culpado por toda a Lei. Ninguém pode adotar dois métodos de vida para ser aceito por Deus. Ou segue-se toda a Lei ou crê no sacrifício de Jesus e vive-se pela fé nEle. Paulo vai mais fundo e afirma que as pessoas que ainda tentam seguir a Lei, hoje, estão anulando o sacrifício de Jesus (Gl 5.2).

A salvação é recebida através da graça. É um dom de Deus. A Bíblia diz em Efésios 2:8-9 “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus; não vem das obras, para que ninguém se glorie.”

A graça de Deus é a nossa esperança. A Bíblia diz em Neemias 9:31 “Contudo pela tua grande misericórdia não os destruíste de todo, nem os abandonaste, porque és um Deus clemente e misericordioso.” 

Em Jesus Cristo, toda a lei foi cumprida, isto é, todos os preceitos morais, cerimoniais e civis. Hoje vivemos sob a Graça de Deus

Prof.  Pr. Adaylton de Almeida Conceição – (TH.B.Th.M.Th.D.)

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BIBLIOGRAFIA.

1- Adaylton de Almeida Conceição – Introducción a  las  Dispensaciones – STEM – Buenos Aires – Argentina. 
2- André Sanchez – O que significa Holocausto
3- Archer, Gleason L. Jr. A Survey of the Old Testament. The Zondervan Corporation, Grand Rapids, 1980
4- Arnold, Bill T. e Beyer, Bryan E. Descobrindo o Antigo Testamento. Editora Cultura Cristã, São Paulo, 2001 
5- John Stott, Romanos, 1ª Edição, 2000, Ed. ABU, SC.
6- Lea, Larry. "Supremo Chamado", Editora Abba Press. São Paulo.
7- Luiz da Rosa – Quais os tipos de Leis descritas no Pentateuco.
8- Luis da Rosa – Leis e Sacrificios
9- Natanael Rinaldi -A Divisão da Lei
10-Soares, Esequias. Visão Panorâmica do Antigo
11- Shedd, Russel, PhD. O Novo Comentário da Bíblia. Edições Vida Nova. São Paulo. Vol. I, págs. 157-163.

Prof. Adaylton de Almeida Conceição, é Ministro do Evangelho, tendo exercido seu ministério no Amazonas e por mais de vinte anos trabalhou como Missionário na Argentina e Uruguai. É Escritor, Bacharel, Mestre e Doutor em Teologia, Pós graduado em Ciências PolíticasPsicanalista e Jornalista Profissional. É o Diretor da Faculdade Teológica Manancial.

Fonte: Texto Retirado de http://www.pointrhema.com.br/2015/01/o-padrao-da-lei-moral-licoes-biblicas.html