sábado, 8 de abril de 2017

A Plena Adoração

Algumas pessoas acreditam que a adoração a Deus resume-se apenas aos louvores, a cantar hinos a Deus. Mas a verdadeira adoração vai muito além disso, não é limitada. 
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Tudo que há, em nosso ser, deve adorar ao Senhor, para uma adoração completa. "Bendize, ó minha alma, ao SENHOR, e tudo o que há em mim bendiga o Seu Santo Nome." Salmos 103:1
Tudo que há em nós, logo pensamos, se o salmista fala "bendize, ó minha alma" já refere-se a uma adoração espiritual, a um coração contrito, e ao depósito de toda atenção do nosso ser, naquele momento ao Senhor. A alma o louvando, não somente o nosso fôlego na canção, mas, nossa alma está inserida na adoração. Contudo, o salmista continua, "... e tudo que há em mim, bendiga o Seu Santo Nome." O que seria, tudo o que há mim? A alma e o fôlego já estão envolvidas nessa adoração, o que seria o TUDO?

Partindo do entendimento que o ser humano é tricótomo (1Ts 5.23; Hb 4.12), que significa "aquilo que é composto por três tomos", e que, as pessoas são constituídas de corpo, alma e espírito
"Esse conceito da tricotomia crê que o homem é uma triunidade composta e inseparável. Só a morte física é capaz de separar as partes: o corpo de sua parte imaterial." (CABRAL, 2012)

Partindo dessa premissa, constatamos que para uma adoração com "tudo que há em nós", tanto o nosso corpo, quanto a nossa alma, e o nosso espírito devem estar envolvidos na adoração. Visto que, com grande propriedade nos esclareceu o pastor Elienai Cabral, os três tomos jamais se separarão, até o dia de nossa morte serão aquilo que nos constitui. Importa ressaltar, que embor
a constituidores da pessoa humana, nem sempre os três tomos são usados no momento da "adoração". Muitas pessoas cantam sem o seu coração está voltado à adoração, muitas pessoas nem sequer
 sabem o que afirmam, outras, não poucas, levantam suas mãos, utilizam do seu corpo para uma aclamação sugerida pelos preletores. Um adoração meramente simbólica. Não obstante, o louvor cristão afirmar:

"Espírito, alma e corpo, / Oferto a Ti, Senhor, / Como hóstia verdadeira, / Em oblação de amor. / Eu tudo a Deus consagro / Em Cristo, o vivo altar; / Ó desce, fogo santo, Do céu vem tu selar! / Sou teu, ó Jesus Cristo! Teu sangue me comprou; / Eu quero a Tua graça, Pois de Ti sempre sou. / Espírito divino, Do Pai a promissão; Sedenta a alma pede, / A Ti, a santa unção." (HARPA CRISTÃ, 5)
E Deus fez-nos, dotados de corpo, alma e espírito, e tudo que há em nós possa o adorar. Passamos, a analisar, brevemente cada tomo de nossa constituição: 

A palavra ALMA é citada 1600 vezes na Bíblia tendo diversos significados, (sangue, coração, vida animal, pessoa física) que devem ser identificados e estudados dentro do contexto no qual os termos estão inseridos. (Sl 107.5,9; Gn 35.18; 1Rs 17.21; Dt 12.23; Lv 17.14; Pv 14.10; Jó 16.13; Ap 2.23; Ecl 11.5; Sl 139.13-16).
Deus quer nossa ALMA, e nos dará um novo corpo quando se cumprir o que determinou. O inimigo de nossas almas busca corromper nosso corpo, causando sofrimento físico, até mesmo proporcionando prazeres temporários, afim de corromper o corpo e obter a alma. No que, até mesmo a Jesus tentou (Lucas 4:1-13), porque conhece as necessidades físicas (corporais) que possui os seres e também, como afirma Pr. Elienai, a alma precisa do corpo "para expressar sua vida funcional e racional", contudo, o que visa é a alma. 


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A nossa alma contém a nossa essência, a nossa identidade, a nossa razão de ser, a nossa própria consciência. Davi, no mencionado Salmo, convida-se a louvar a Deus, e muito bem, inicia clamando para que sua alma o faça, ou seja, que sua essência, sua identidade, sua psiquê como era denominada a alma no grego no NT, sua própria consciência adore ao Senhor. 


A denominação veterotestamentária para a alma vem do hebraico, nephesh, "respiração da vida", contudo não a respiração da vida, como o fôlego de vida, nos dado por Deus no momento da criação, este último corresponde ao espírito. Nephesh tem o sentido de constituir o "princípio inteligente que anima o corpo e usa os órgãos e seus sentidos físicos  como agentes na exploração das coisas materiais, para expressar-se e comunicar-se com o mundo exterior." (CABRAL, 2012)


O espírito que é nosso fôlego de vida dado no momento da criação, não limitasse ao ar que respiramos. Ar este também criado por Deus. O nosso espírito foi nos dado através do nosso Deus, pelo fôlego, sendo a nossa conexão com Deus. No hebraico é ruach e no grego, pneuma que foi adotado pelo português, pneumo, para o que se refere à respiração, e no espanhol, neumo, também derivado de pneuma, para o mesmo fim.


O espirito corresponde a nossa conexão com Deus, a comunicação de Deus com a pessoa humana, e é a nossa essência divina, por isso, é o principio ativo da vida religiosa/espiritual de uma pessoa. (Ec 12.7; Lc 20.37; 1Co 15.53; Dn 12.2, Gn 2.7)



"E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente." Gênesis 2:7

O nosso corpo, não é menos importante, ele foi moldado pelo próprio Deus que o formou do pó da terra (Gn 2.7). O corpo é a parte tangível dos seres, e é constituída de matéria orgânica, portanto mortal. Separa-se dos demais tomos na hora da morte, os outros retornam a Deus. 
O corpo tem uma importância tamanha que o próprio Jesus veio a terra, inicialmente, não apenas em espírito, mas em corpo, alma e espírito. Sua divindade não foi empecilho, nem foi usada para burlar as necessidades físicas inerentes aos seres vivos. O seu corpo foi imolado, dilacerado e Ele pôde sentir todas as dores e os sentimentos como qualquer pessoa. Sua divindade foi expressa em tamanho amor, mas não em seu corpo, que suportou como um mortal. (Lv 4.11; 1Rs 21.27; Sl 38.4; Pv 4.22; Sl 119.120; Gn 2.24; 1Co 15.47-49; 2Co 4.7). 

A plena adoração envolve o corpo, a alma e o espírito, ou seja, tudo que há em nós. 


"Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade."João 4:24


A palavra "adoração", no hebraico era "hish.ta.hhawáh", que detinha um conceito literal conectado ao sentido de homenagear, e/ou, "pro.sky.né.o" que resguardava o conceito mais ligado a homenagear reis. Mas, ambos os termos era comumente utilizados para referir-se a adoração.

Resultado de imagem para foto de adoração com dançaNesse sentido entendemos duas coisas. 
1) Entendemos porque diversos personagens bíblicos negaram-se a homenagear reis nas narrativas bíblicas (Ester 3:2Daniel 3:11), porque algumas pessoas poderiam acreditar que seria apenas por orgulho, visto que outros personagens curvaram-se tão facilmente aos reis e governantes. Mas isso decorre do fato de que em alguns contextos, o rei queria adoração (aquela que conhecemos que é dada aos deuses), ou queria que seus súditos se prostrassem como um símbolo de homenagem e respeito, mas que muitos personagens acreditavam que mero ato poderia ser entendido como adoração, pelo sentido de "pro.sky.né.o" está conectado ao conceito de adoração. Bem como, em alguns momentos vemos outros prostrando-se sem nenhum problema (Gn 42:6, Rute 2:10).

2) A segunda coisa que entendemos é que a adoração, nestes termos, possuía um caráter expressamente conectado à um ato, a uma ação de prostrar-se. Entendemos que a expressão física é tão importante quanto o intelecto.  

O sacerdotes utilizavam sinos presos às suas vestes sacerdotais, para assim que sentissem a presença de Deus, suas expressões físicas fossem percebidas por aqueles que estavam aos arredores. A adoração e a presença de Deus estava atrelada aos movimentos do sacerdote, e o que ele fazia no templo em adoração era ouvido fora.

Em diversas narrativas bíblicas observamos os seus personagens rasgando suas vestes, lançando-se ao pó e adorando. A adoração, nesse contexto, dependia total e exclusivamente de um ato do indivíduo.
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Rasgar as vestes e lançar-se ao pó, para os judeus era símbolo de total humilhação, certeza de sua incapacidade, pecados, e total dependência divina. O homem colocava-se em total submissão a Deus, demonstrando sua natureza humana. Era uma plena adoração proposta por um coração contrito, e envolvendo assim, o corpo, a alma e o espírito. (Jó 1:20Is 37:12 Sm 13:311 Re 21:27Gn 37:34Es 4:1)


Mas, atualmente, adoração plena não carece de tantos simbolismos.
A plena adoração pode ser realizada de diversas formas, desde que haja o trabalho em conjunto de todos os tomos do nosso ser, o corpo a alma e o espírito.

Tocar um instrumento, cantar uma música, levantar as mãos, falar palavras de louvor, aplausos, coreografias, orações... São exemplos de adoração. São atos que quando se faz utilizando não somente símbolos, mas devotando a alma e o espírito compreende uma plana adoração.
Lembrando que Deus abomina a hipocrisia, se para alguém é necessário encenar uma adoração, ele pode o fazer, contudo não será aceita por Deus como adoração verdadeira. (Sl 47.1, Sl 95.6, Sl 134.2, Is 1.15, I Tm 2.8, Am 5.23-24)

Lembrando que a adoração e o culto racional é algo extremamente pessoal. Ninguém pode interferir em nossa forma de se relacionar com Deus. Ninguém pode interferir na forma de adorar do outro, como Mical que questionou a forma de Davi adorar a Deus, pois o rei ao adentrar a cidade cantava e dança adorando e agradecendo a Deus. Mical ficou estéril.

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A adoração é pessoal, e deve ser esmerada (I Co 14.12), cada um dê a Deus o que possui de melhor e o faça plenamente. Se é cantar, tocar, encenar, orar... Que o faça plenamente, não levante as mãos com ira e contenda (I Tm 2.8), mas que todo o seu ser esteja devoto e contrito naquele momento.



Cuidando para que tudo seja feito para glória de Deus, observando a moral e a ética. Adorando a Deus como ele requer em espírito e em verdade. De todo o seu Coração!


REFERÊNCIAS 



CABRAL, Elienai. A tricotomia do homem. CPAD news. 2012. Disponível em: http://www.cpadnews.com.br/blog/elienaicabral/fe-e-razao/22/a-tricotomia-do-homem.html

JUNIOR, ValdeciA Diferença Entre Louvor e Adoração. Música Sacra e Adoração. Disponível em: https: //musicaeadoracao.com.br/19610/a-diferenca-entre-louvor-e-adoracao/

 LANGSTON, A. B.  Esboço de Teologia Sistemática. Doutrina de Deus. p. 18-76.

________. Esboço de Teologia Sistemática. Doutrina do Homem. p. 76-88.

________. Esboço de Teologia Sistemática. Doutrina da Pessoa de Cristo. p. 88-103.



SILVA, Edvanderson R. Adoração sem Limites. cpad: Rio de Janeiro, 2012. 



SOBRINHO, Antonieto Grangeiro. Hermenêutica Bíblicavol. X, cpad: Rio de Janeiro, 2006.